sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

até o ano que vem

vou ficar até o ano que vem sem internet...

mãe

hj eu perguntei pra minha mãe pq os filhos sempre voltam de vez em quando.
ela disse que é porque as mães nunca partem.
pensei em "parto"(de parir e de quebrar)(pensei que parto tem "ar" e "ato") fiquei sem ar. tudo que é demais sempre faz falta pelo excesso. mas respeirar o fôlego da minha mãe é isso tudo que as palavras não alcançam.

propaganda para classificado amoroso

eu já explodi um microondas, mas eu nunca esqueço de comprar pão.
eu não sei cozinhar, mas eu não deixo ninguém passar fome.
eu não sei dobrar lençol com elástico, mas eu não ronco.
eu não sei comprar frutas, mas o moço da feira sempre me ajuda.
eu esqueço a luz acessa, mas eu desligo o gás no botijão.
eu demoro no banho, mas eu me visto em segundos.
eu lavo o cabelo todos os dias, mas eu nunca tive chapinha.
eu já comi uma caixa de bombom sem parar, mas também já fiz a mesma coisa com um pé de alface gigante.
eu não sei passar roupa, mas eu sei truques que deixam a roupa bem branquinha.
eu odeio despertador, mas eu nunca chego atrasada.
eu coloco comida fora, mas eu como qualquer coisa.
eu já consegui perder uma chave dentro da geladeira, mas eu não perco coisas fora de casa.
eu não sei limpar o box do banheiro, mas eu nunca esqueço de colocar papel higiênico.
eu não consigo picar cebola, mas eu comprei um mixer.
eu deixei morrer todas as plantas que eu tive, mas adoro dar flores.
eu tenho unha encravada, mas pé quente no inverno.
eu nunca uso batom, mas às vezes eu tenho "bigode" de suco.
eu adoro jogar coisas fora, mas eu não esqueço de quase nada.
eu odeio mercado, mas sou apaixonada por um boteco.
eu tenho pesadelos terríveis, mas eu sei sonhar acordada.
eu nunca ganhei nenhuma medalha, mas só porque nunca participei de um concurso de espirros.
eu não gosto de filme de ação, mas adoro os seriados de hospital.
eu não sei rir de piada boba, mas eu sei rir com o cérebro.
eu brigo até sozinha, mas eu aprendi a voltar atrás - às vezes.

viajar

amanhã eu vou viajar de ônibus.

eu adoro ônibus porque eu escuto pedaços de histórias de todas as pessoas.
eu adoro pedaços porque neles eu sou um papel sem margem.
(todos os pedaços e todas as coisas que eu nunca tive são as coisas que serão minhas pra sempre...)

eu gosto de pensar se sou eu quem vou pra frente ou se são as outras coisas que vão pra trás.

eu gosto quando chove e os pingos fazem corrida pelo vidro.

mas a metáfora da viagem me dói, ninguém chega a lugar algum e poucos chegam a si mesmos.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

ainda os cheiros

como já escrevi, é o cheiro quem me escolhe.
eu não sei meu CPF de cor, mas eu sei o cheiro de todos os acordes dos meus abismos.
vou me dar um "malbec" de presentede natal.
é um perfume que me perturba.
não sei se tenho estrutura pra perder o chão, mas sei que é na falta dele que projeto as minhas asas.

das contradições

os meus alunos amam quando eu digo para eles guardarem uma foto ou um trabalho para mostrar para as namoradas ou para os filhos que virão. eles amam quando eu digo que antes de casar sara. eles pedem para eu contar "essas" histórias de quando eles ficarão grandes.

... e pra mim eles são assim enormes justamente por serem crianças!

consciência

minha preguiça doméstica é tão gigante que se eu fosse homem eu não casava comigo.

Sarcasmo

Levanta a mão quem quando faz/diz "ho ho ho ho" sente a pança balançar.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

por falar em cu*

nem só de tomar nele* vivem os proletários, tô saindo de férias.
ano que vem eu volto.

trilha sonora de hoje, em homenagem às férias. (e pensar que "férias" começa com "fé", pra mim que sinto tantas saudades de acreditar é uma daquelas obviedades que a gente custa a perceber..., sim - tantas vezes o óbvio é a última coisa que me ocorre...)

eu sou apaixonada por água, mais ainda pelas metáforas líquidas...

Água Também é Mar

Marisa Monte

Composição: Marisa Monte/Carlinhos Brown/Arnaldo Antunes

Água também é mar
E aqui na praiatambém é margem
Já que não é urgente
Aguente e senteaguarde o temporal
Chuva tambémé água do mar lavada
No céu imagem
Há que tirar o sapatoe pisar
Com tato nesse litoral
Gire a torneira,
Perigas ver
Inunda o mundo,
o barco é você
Na distância, há de sonhar
Há de estancar
Gotas tantas não demora
Sede estranha

cu

em portugal não existe "bunda" (que é uma palavra africana).
lá, "cu" corresponde a toda a parte traseira (cu e bunda)
logo, é normal a vendedora da loja dizer assim ao vender uma roupa: agora vira para eu ver como ficou o teu cu nesta roupa. ou, ficou excelente: valoriza o teu cu.

eu nunca estive lá, mas escutei isto de mais de uma fonte.

daí, fiquei imagindo as meninas que eu conheço dizendo:
tenho cintura fina, mas cu grande.
faço ginástica pro cu não cair.
meu cu tá cheio de celulite.

meudeus: eu prefiro como é aqui, o cu da gente tem mais paz. ao menos o cu.

domingo, 16 de dezembro de 2007

saia justa de hoje

a pergunta do saia justa de hj era: o que é luxo pra ti?

a bety respondeu que luxo é poder/saber dizer "não".
a márcia disse que luxo pra ela é uma vista pro mar.
a maitê disse que luxo pra ela é silêncio.

luxo - hoje - pra mim é conseguir ir embora dos lugares que eu já deixei de habitar.

...

eu acompanho a previsão do tempo para amenizar as minhas tempestades.

sábado, 15 de dezembro de 2007

porque eu não tenho escolha, eu tbm tenho um coração de moça

do poético Carpinejar

Eu já me arrumei para um encontro que só eu havia marcado, já tomei banho por uma mulher que nem me conhecia, já mudei meus horários para puxar conversa, menti coincidências para criar empatia. Já fiei anos por uma declaração, meses por uma notícia, dias por um cumprimento. Nunca dependi de grande coisa para amar. Amava por antecipação. Amava por esmolas. Eu me apaixono por nada, por bobagem. Posso dedicar minha insônia a uma pálpebra feminina. Confundo a irritação dos olhos como uma mensagem. E tentarei explicar os gestos subseqüentes dela como uma articulação premeditada para me conquistar. Quando o abraço de uma mulher desliza para o quadril, pressinto que ela está me deixando existir. Talvez seja casualidade, mas o amor é uma casualidade. Entendo como quero. Quando o aperto da face escorregou ao pescoço, não tomarei como falta de jeito, avalio que tenho chance. Quando uma amiga telefona fora de horário, desconfio de um interesse maior. O amor não desperdiça nenhum indício. Nenhum início. Qualquer erro de entendimento é a possibilidade do amor. O amor é o erro de entendimento. Flerto com quem não foi avisada de que está flertando comigo. O amor é só esperança. A obsessão da esperança. Imagino ter dito, nunca deixo claro para continuar amando. A ausência de confirmação não me modifica. Prefiro não descobrir se o desejo é mútuo para prosseguir sonhando. Ao descobrir que não sou correspondido, é tarde para desistir. Não falo porque vivo a ansiedade de que alguém escute os meus pensamentos. Recorto frases, isolo sons, guardo expectativas. Deus não joga os rascunhos fora. Por isso, temos o amor. O amor vem por nada. Do nada. De nada.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

quem te comove?

me comoveria
alguém que evitasse umas etiquetas pelos instintos
e uns instintos pelo amor.

me comoveria
alguém que me fizesse acreditar
jantasse a minha fome
bebesse da mesma sede
me levasse para a casa que nunca deixei de habitar.

das citações

da obra " A Cura de Schopenhauer":
"...talento é quando um atirador atinge um alvo que os outros não conseguem. gênio é quando um atirador atinge um alvo que os outros não veêm..."

(sim, meu tesão - entre outros - tbm é o intelectual)

sábado, 8 de dezembro de 2007

das pessoas que eu prefiro

eu prefiro aquelas que não rezam por mim, mas aquelas que me ajudam a pecar.
eu prefiro aquelas que me gostam "apesar de" e não "porque".
eu prefiro aquelas me escabelam, e não aquelas que elogiam o meu cabelo.

eu prefiro uma mentira inteira do que uma meia verdade, um tapa bem dado do que um sorriso amarelo.

gonzaguinha:

E aprendi que se depende sempre
De tanta, muita, diferente gente
Toda pessoa sempre é as marcas
Das lições diárias de outras tantas pessoas
E é tão bonito quando a gente entende
Que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá
E é tão bonito quando a gente sente
Que nunca está sozinho por mais que pense estar

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

então, eu não sei brincar disto

entre os meus trilhões de defeitos, confesso um que acaba comigo no natal: eu sou barriga fria.
eu não sei fazer surpresa.
eu conto quem eu peguei no amigo secreto e pior ainda: eu conto o que eu comprei de presente. uma falência, uma vez que no dia eu sempre compro outro presente para fazer uma surpresa de verdade.
teve vezes em que eu até liguei de dentro da loja contando ao amigo secreto o que ele iria ganhar.
tipo viciada, eu fico pensando que não posso contar e vai me dando aquela vontade doida e doída.

eu quero um 2008 farto como a pança do papai noel, mas eu quero uma barriga mais quente e parecida com estas que se fazem nos programas de mexer em fotos ou nas academias.
eu quero muito.
e eu fui mais comportada que eu devia. quer papai noel acredite ou não.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

"amanhã vai de ser outro dia"

o meu melhor presente sou quem me dou.
tenho amigas que se dão calcinhas, cremes, doces, salão de beleza.
tenho amigos que se dão cds, cervejadas, cinema.
eu?
eu me dou o que eu sempre tenho e tão poucas vezes me permito.
eu me dou uma noite.
uma noite minha.
sem ninguém.
sem amanhã.
sem computador.
sem louça, sem máquina de lavar roupa, sem TV.
um banho de gueixa.
um incenso.
todos os cds que traduzem meu espírito.
nenhuma roupa.
todos os poros.
as janelas de fora fechadas.
a porta da alma aberta.
chegar em mim mesma é meu caminho preferido.

"pela fumaça desgraça que a gente tem que tossir"

Eu canto para os homens terem a fina estirpe dos animais. (Alemão Ronaldo)

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

então, é natal!

o vaticano comprou uma árvore de natal de 140 anos que foi cortada nos alpes italianos.

depois da desvalorização das cadeiras no céu é preciso arrumar uma nova atração para os fiéis.

(e se o papai noel tiver um mínimo de consciência ecológia, o que será do papa?)

domingo, 2 de dezembro de 2007

dos caminhos inevitáveis

Já que tantas vezes o caminho não pode ser escolhido, que ao menos tenhamos consciência de onde se encontram nossos pés para sabermos para onde projetarmos as nossas asas.

das listagens

ontem minha colega disse que manda quem pode e obedece quem precisa.

fiz a lista de quem manda em mim.

não tive coragem de publicá-la aqui.

para a dor da lucidez não tem anestesia.