quarta-feira, 14 de setembro de 2011

vida doméstica

lá em casa ninguém usa matemática para guardar os potes no armário.
é inevitável: cada vez que a gente abre a porta do armário desaba uns quantos potes na cabeça da gente.
já joguei potes fora, já falei com jeitinho com a senhora que ajuda com as lides da casa e já conversei com o marido que seca e guarda a louça que eu lavo com muito esforço.
nada.
eles continuam desabando.
às vezes para me consolar repito para mim mesma: ao menos eles desabam limpos.

domingo, 11 de setembro de 2011

início de semana

então, eis que decido enfrentar as alergias para poder nadar na piscina térmica do clube no sábado e no domingo.
depois eu dou um jeito me coçando com o pente, com a faca, usando meus cremes milionários e as minhas tantas pomadas de corticóides.
se a criatura não poder se dar um luxo no final semana, vai ser feliz quando?

neste final de semana, na piscina (piscina funda, quase sem bordas, para exercício físico mesmo) um casal com uma criança.
aquela idéia: a gente faz exercícios e ele brinca.
eu não tenho filhos, simplesmente porque não dá para guardar como um livro com um marca-páginas dentro e continuar depois. aliás não pára nunca. continua sempre e sempre e sempre. independente do ritmo e da vontade dos progenitores.
e se tem coisa que garantidamente dá errado é quando alguém quer tudo ao mesmo tempo... aquela coisa do útil e do agradável é pra poucos.
não deu outra. o guri se espatifou, deu sangue misturado na água, gente correndo e aquela coisa toda. só se falava em pontos. eu, no meu emaranhado de linhas e pontos de fuga, fiquei mais perdida ainda.

mas, voltei para casa me culpando menos pelas minhas renúncias.
afinal, eu tenho pouca coordenação motora - em todos os sentidos -, é uma coisa de cada vez mesmo. e olhe lá.

e assim começa mais um semana: sangue na água, pontos no guri, pai e mãe aflitos, eu me coçando, ... mas logo tem feriadão. e um monte de livros com marca-páginas me esperando.

et - até estas coisas que esperam a gente bem quietas e comportadas (livros, louça, roupas...) eu já ouço gritar. pordeusnossosenhor, como diria a minha vó.

11 de setembro

vou te dizer, eu gosto destes programas bem grotescos: "erros médicos", "sobrevivi", "pesca mortal" e por aí a coisa vai e às vezes eu vou junto e custo a voltar. custo mesmo.
mas, 11 de Setembro encheu o saco.
me vestiu de tédio e me entupiu de frases prontas.

e quantas e quantas vezes eu desmoronei inteirinha e ninguém ali pra nada?
é.
eu e todo mundo.
quantas e quantas vezes a gente desaba?
nenhuma condecoração.
só as olheiras assustando no espelho.
e a vida arrastando a gente adiante e deu.
e chega.

visitinha rápida, né?

ontem ao sair do asilo, depois de um esforço considerável para ficar quase meia hora, o cara da portaria me solta esta: visitinha rápida, né?
é, a vida é rapidinha pra quem não pensa e não sente.
pra mim a conta é grande, o tempo arrastado e o custo bem alto, ...

de fora e de longe, ninguém deveria ousar dizer uma palavra.
se o silêncio é uma agonia, a palavra errada é uma facada.