terça-feira, 26 de outubro de 2010

ala médica

então, depois de 3 anos eu volto para fazer novamente o exame ginecológico.
no meio daquilo tudo que compreende o exame, o médico começa a comentar as condições do tempo.
não pude com aquilo, tasquei: nenhuma condição climática é capaz de alterar as minhas vergonhas numa hora destas.

pra finalizar: tô pensando no DIU. menos hormônios. menos efeito colateral. pra me estragar a saúde já me chega a vida.

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ele me contou que está com os ouvidos fechados e que vai ter que esperar 20 dias para o especialista atendê-lo. pela UNIMED.
e depois os médicos são contra a auto-medicação...

só pra constar

eu AINDA acredito que lutar contra a ditatura é um ponto favorável.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

ao meu redor

ela me falando sem parar da importância do filtro solar em dias de chuva.
na primavera, é só nos dias de chuva que eu respiro em paz e ela acredita que eu vou lembrar do filtro. ela acredita.
aliás, eu olho para os lados e me sinto folheando a revista caras: todo mundo com as unhas feitas, cada fio de cabelo no lugar, aquele salto que me faz doer o pé só de olhar, o lápis no olho, a roupa desconfortável da moda. os brincos pesando nas orelhas.
aquela agonia muda de todas as bundas sem celulite.
estes dias vi um rímel que custava 200,00 reais. será que uma moldura destas melhora a paisagem? será que quem usa um troço destes é uma paisagem?
o pouco tempo que me sobra eu uso na piscina, na internet, no meu novo seriado, na louça que dá cria na minha pia, nas caminhadas, nas músicas, nos trechos da Clarice Lispector.
mas, eu juro que eu queria ter este anônimo. esta disposição.`
eu sempre tive medo de gente que parece de revista e sempre me apaixonei pelo personagem do livro. mas, preciso confessar: os personagens dos livros só estão nos livros e eu ando assustada.

ele levao os pés-de-pato para nadar e não usa. não se ilude. eu alimento as minhas esperanças a pão-de-ló. já são tão parcas.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

...

(mais música pro livro)

Skap

Zeca Baleiro

Quando você pinta tinta, dessa tela cinza
Quando você passa doce, dessa fruta passa
Quando você entra mãe-benta, amor aos pedaços
Quando você chega nega fulô
Boneca de piche
Flor de azeviche

Você me faz parecer menos só
Menos sozinho
Você me faz parecer menos pó
Menos pozinho

Quando você fala bala, no meu velho oeste
Quando você dança lança flecha, estilingue
Quando você olha molha meu olho que não crê
Quando você pousa mariposa morna, lisa
O sangue encharca a camisa

Você me faz parecer menos só
Menos sozinho
Você me faz parecer menos pó
Menos pozinho

Quando você diz, o que ninguém diz
Quando você quer, o que ninguém quis
Quando você ousa lousa pra que eu possa ser giz
Quando você arde, alardeia sua teia cheia de ardis
Quando você faz a minha carne triste, quase feliz.

para escutar: http://letras.terra.com.br/zeca-baleiro/91979/

das condições

eu tenho medo de mim mesma quando não posso nadar ou ecrever...

A minha cerca tem a altura de mais de 30 anos é feita de um material mais frágil que as minhas unhas quebradiças. Mas, a cadência dos movimentos circulares tão perfeitos de todos estes circuitos fechados que me rodeiam me tornam mais frágil que um fio de cabelo.
Não chegar a loucura é permitir que a loucura nos pegue no colo de vez em quando. É olhá-la dentro dos olhos e descobrir que também fizemos morada ali. É nos darmos uma trégua destes circuitos, destes padrões, é olhar pra frente olhando pra trás. É como cantou o Humberto Gessinger: Quando descobrimos as chaves que abrem esta prisão, descobrimos que quem duvida da vida tem culpa, mas quem evita a dúvida tem ainda mais.
Como sabiamente disse a Clarice: depois que descobri em mim mesma como é que se pensa, nunca mais pude acreditar no pensamento dos outros. Ou seja: nunca mais pude me permitir correr nestes circuitos fechados sem parar para refletir e oxigenar a vida com linhas de fuga. E estas, diferentes da cerca da louca não nos perseguem, mas precisam ser perseguidas por nós. E inventada e reinventadas por todos. Pois felizmente a consciência destes circuitos é um caminho sem volta, é um caminho que nos leva além... mas ele precisa ser construído para a gente se dar ao luxo de viver que é estar em construção - único sentido possível para isto que denominamos vida.

(des)aprendizagens

...eu só aprendi o que ousei perder!

desde sempre vim pelo caminho difícil.

aprendendo o passo no tombo.
o vôo na queda livre.
a enxergar no escuro.

quando a física falava na velocidade do trem
eu me interessava pelo passageiro que imaginava na janela.

quando foram-me ensinadas as regras da gramática
as piadas que quintana e leminski faziam com elas já me habitavam.

da matemática
só me sobrou o horror do "x" e o medo do "y".

aprendi muito prestando atenção no quadro
e muito mais desviando o olhar para a janela.

sempre me perdi num prisma
que poucas vezes consegui traduzir ou pelo qual ninguém se interessou.

soube que não estava perdida
quando li caio (fernando abreu), clarice (lispector) e pessoa (fernando).

nos filmes me comoveram as atmosferas
e me sobraram muitas cenas.

me esforcei para memorizar as datas históricas
e só aprendi que o ser humano é a pior e a melhor coisa (sim, COISA) deste mundo.

a abstração sempre me fez (e faz) mais concreta
que qualquer razão.

na contramão da vida eu vejo a morte
e a partir dela vou parindo o que me faz viva.

na preguiça da louça
não quis saber cozinhar.

na distância da paciência
me acompanham as faltas domésticas.

na brutalidades dos sentimentos
nunca soube das etiquetas.

esqueci tudo que me foi gritado.
aprendi tudo que me foi sussurrado.

em grupo aprendi a solidão
na solidão me descobri a minha melhor companhia.

na perda de alguém
inaugurei uma multidão.

descobri o amor numa saudade
e a falta da paixão no mofo da pele.

ignorando as horas
senti o tempo pulsar.

a miopia me ensinou
a beleza disforme.

quando acabou o dinheiro
compreendi os números.

quando fiz uma escolha
o cheiro da renúncia se fez bússola.

no personagem do livro
me descobri acompanhada.

na propaganda da revista
conheci a exclusão.

em pequenos pecados aprendi grandes prazeres
que foram mutilados com ácido cristão.

são nos meus cacos
que eu me faço inteira.

desenhei o mapa da minha burrice
sou eu mesma nas minhas virgindades
ainda confio nas possibilidades
matéria da qual a vida é (des)feita.

(escrevendo aprendi
que sei fugir pelas palavras,
mas não delas.)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

consulta com a dermatologista

vamos tratar as alergias? fazer um tratamento do início ao fim? recuperar a pele e depois mantê-la?

tá, pode ser.

pomada por 5 dias, remédio por 10 dias e sem piscina por 10 dias.

dá para intercalar? durante 10 dias piscina dia sim/dia não.

não, não dá. algum problema?

todos, mas eu resolvo. mas, vou ficar 100%?

não dá para saber, não é matemática...

mas, e a piscina?

também não é matemática...

domingo, 10 de outubro de 2010

cada um com suas cosinhas

tem aqueles que colecionam moedas, selos, roupas e sapatos.
eu coleciono trechinhos de música para textos.
agora eu tô pensando em uma historieta de quase amor (não sei o que é mais complicado, o "quase" ou o "amor") e tô doida pra usar:

"ela procurava um príncipe
ele procurava a próxima.
ele reparou nos óculos
ela reparou na vírgulas."
(Formato Mínimo - Skank)

"apaga a luz e fecha a porta"
(Fonte da Saudade - Kleiton e Kledir)

E mais umas coisinhas de Vitor Ramil e Chico Buarque...

eu escrevo

Eu escrevo porque eu não gosto de dirigir, mas preciso chegar. Porque não sei usar um vestido decotado, mas acho lindo. Escrevo porque o espelho me assusta. Escrevo porque eu não me gosto falando e mesmo assim eu não consigo calar a boca. Escrevo porque eu me apaixono pelo personagem do livro. Escrevo para dar vida aos amores platônicos. Escrevo pra deixar questões que eu não consigo responder em guardanapos pelos botecos por onde passo. Escrevo porque tem pessoas que me habitam sem saber. Escrevo porque a comida não mata fome. Escrevo porque não ligo a TV e não sei comentar a novela. Escrevo porque preciso fazer a memória ficar suportável. Escrevo porque sou louca por música e pelas possibilidades que o silêncio sugere. Escrevo para conseguir acreditar nas coisas que me acontecem e porque tenho saudades de muitas coisas que não aconteceram. Escrevo porque detesto telefone. Escrevo porque tenho medo de quebrar o encanto de tudo que está demasiado perto. Eu escrevo para meter a mão na merda sem feder os meus dedos. Para roubar o beijo que eu não tenho coragem. Eu escrevo porque eu cansei do colchão e preciso do chão para sentir os ossos do meu corpo. Eu escrevo para que meus dedos tenham as unhas que eu nunca tive. Escrevo porque a minha voz tranca. Eu escrevo porque eu não sei o que eu procuro, mas gosto de estar viva à procura. Eu escrevo para desaprender as letras e só usar os meus sentidos. Eu escrevo porque meu terapeuta ficou caro demais. Eu escrevo porque todas as certezas me puxaram o tapete. Eu escrevo porque as entrelinhas de tudo o que eu leio me sugam. Eu escrevo porque sem organizar a frase o meu sono não vem. Eu escrevo porque me parir nas teclas me faz mais inteira. Eu escrevo para juntar os meus cacos. Eu escrevo porque eu preciso de tradução. Escrevo porque os políticos me fazem menos humana e o voto é obrigatório. Eu escrevo porque eu persigo abismos e estranhamentos. Porque ninguém valoriza a moeda que eu cultuo. Eu escrevo porque eu sou apaixonada pela minha miopia. Eu escrevo porque as palavras riem comigo. Porque eu preciso ficar sozinha. Eu escrevo porque a Clarice disse que a vida é uma loucura que a morte faz e a minha cúmplice nisto tudo é a palavra. Escrevo porque minguo de tantas saudades de acreditar. Eu escrevo porque eu sei fugir pela palavra, mas não dela. Escrevo porque eu desisti de ter jeito.

planilha de cálculos - do blog Mafalda Crescida

PLANILHA DE CÁLCULOS

O preço do silêncio é a mágoa.
O preço da fala é o atrito.


O preço da ousadia são os arranhões.
O preço do medo é a angústia.


O preço da mudança é a incerteza.
O preço da apatia é a frustração.


O preço da ação é a reação.
O preço da inércia é a dureza.


O preço do encontro é a separação.
O preço da fuga é a solidão.


O preço da emoção é a confusão.
O preço do desdém é a frieza.


O preço da auto-estima é a intolerância.
O preço da auto-depreciação é a infelicidade.


O preço do vínculo é a dependência.
O preço da esquivança é o vazio.


O preço do desejo é o vício.
O preço do recalque é a insatisfação.


O preço do altruísmo é o esgotamento.
O preço do egoísmo é a rejeição.


O preço do amor é a dor.
O preço da segurança é a tristeza.


O preço do atrevimento é o castigo.
O preço da submissão é a raiva contida.


O preço da liberdade é o julgamento.
O preço da opressão é o limite.


O preço do sucesso é a inveja.
O preço do fracasso é a vergonha.


O preço da verdade é a incompreensão.
O preço da mentira é a ilusão.


O preço da consciência é a responsabilidade.
O preço da ignorância é a manipulação.


O preço de sobreviver é a morte em vida.
O preço de viver é a própria vida.


Agora é fazer os cálculos, conferir os recursos e fazer as contas do quanto se quer e se pode gastar.


Porque o preço de fazer escolhas é pagar por elas.
E o preço de não fazê-las, também.

*** vale lembrar que eu sou péssima com os cálculos e sempre pago (caro) por isto.
eu simplesmente não calculo algumas coisas, apenas intuo.
há aqueles que dizem que a intuição é uma arma feminina, eu já acho que o impulso é armadilha das meninas.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

fala fala

dizem por aí que o ganhador da mega sena é solteiro.
se eu fosse ele declararia que era gay, fosse ou não fosse.
se as mulheres já não dão sossego a ninguém, imagina o que farão com ele...

domingo, 3 de outubro de 2010

das pérolas da TV

Então, o repórter pergunta à Cléo Pires: O que mudou na tua vida depois das fotos para a Playboy?
Ela: Nada, eu sempre me vi pelada.