sexta-feira, 18 de março de 2011

falta de vocação doméstica

eu sou daquelas que acha que a melhor comida é aquela que dá menos louça.
aquela que odeia mercado.
aquela sem vocação para a vida doméstica.

acho que é herança do meu avó.
uma vez ele passou uma temporada sozinho em casa e quando todas as louças sujaram ele começou a comprar outras.
me contou entusiasmado que tinha comprado uma xícara enorme e com duas alças, na verdade era um açucareiro! (meu avô era um doce e paradoxalmente era diabético!)

aprender

até começar a dar aulas na APAE, eu achava que sabia sobre a aprendizagem.
mas, com as minhas crianças estou aprendendo o mais importante, desaprender para aprender. desconstruir para ampliar.
e não são pilares, são asas.

têm crianças que ainda não sabem ao certo para que servem as letras, mas as aprendem (entre outras coisas) para me fazer mais feliz...

dia destes comentei de novo com a minha mãe da minha quase incapacidade de xingar ou chamar atenção pra valer destas crianças.
minha perguntou se eu sentia pena deles.
só se for pena de mim, quase sempre eles estão mais certos do que eu.

a menina dos cabelos vermelhos

no meio da conversa ela me contou que vai embora de novo.
a menina do lado arregalou os olhos e lascou: mas, tu vais deixar a escola? tu tens mesmo vontade de ir?
eu tentei engolir a alma para os olhos não transbordarem.
mais que depressa ela foi dizendo que não, que preferia não ir.
a menina curiosa, foi achando uma saída: chora até morrer que tu não precisa ir. eu faço assim e dá certo.
a menina dos cabelos de fogo nos olhou com um olhar de quase morte.
eu ia dar um jeito de fugir, mas o sinal tocou e todo mundo saiu correndo.
mas, correndo pra dentro de mim, que sempre gosto tanto daqueles nos quais a vida dá um nó. e não, ela merecia um lanço de fita naqueles cabelos mais lindos do mundo e não um nó.
então eu escrevo, mas o nó não desasta.