quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

"Precisamos falar sobre o Kevin"

Estou relendo "Precisamos falar sobre o Kevin".
Preciso de alguém para passar horas analisando e conversando comigo sobre o livro.
Tanta coisa e ninguém para dividir :(

Aliás, eu procurei e procurei uma foto do Kevin na internet e nada de achar.
Claro que é bobagem, mas pra mim faz diferença saber da cara deste personagem real que tanto sei pela fala de sua mãe.

Aliás, não ter características humanas esperadas socialmente é tão humano! E pra mim, acolhedor.

do mundo dos sonhos

anos e anos depois de ter saído do Ensino Médio, vez em quando eu tinha pesadelos com as provas de matemática.
agora, dei para sonhar com as provas de Língua Alemã.
a graça / desgraça da vida é que a coisa sempre pode ficar pior.

vai ver que é por isto que acordo cansada...

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

começando a existir

então, depois de muitos xerox, carimbos, esperas, filas e senhas eu sou uma cidadã: fiz o tal cartão do SUS e o Cartão Cidadão.
renovei também a carteira do SESC.

tomara também que eu entre 2011 sendo uma cidadã mais respeitada.

et - se eu tivesse um corpo Playboy, juro que nestas tantas vezes em que a gente se desmonta na porta do banco para poder entrar - sem o detector de metal trancar a porta e apitar como se a gente fosse uma bandida - eu tirava tudo e entrava só de calcinha.
mas, é aquilo que meu pai diz: Deus dá rapadura para quem não tem dentes.

domingo, 26 de dezembro de 2010

fim de ano

dia destes ao sair do asilo com a minha mãe, senti pena de mim mesma por não saber beber. era a hora perfeita para entrar num boteco.
mas, para a virada eu já tenho o meu moscatel.
pois, de novo, só a minha agenda onde anotarei os meus velhos problemas.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

bus

minha mãe não gosta de andar de ônibus.
mas, anda comigo porque eu gosto. e peço.
e eu gosto mesmo.
todos aqueles pedaços de conversa, aquelas confissões, aquelas filosofias de boteco... umas crianças dormindo no colo, outras ganhando um chocolate para ficarem comportadas, os uniformes, as roupas mais ousadas e o cheiro de suor.
como se aquelas pessoas tivessem mais certeza do seu destino.
para mim, ônibus é um daqueles lugares onde a vida acontece. anda. desanda. mas, o mais importante: segue adiante.

ônus e bônus

não gosto de usar vestido.
com alguns eu pareço um liquidificador com aquelas capas rendadas.
com outros a coisa é menos pior, mas tem tudo aquilo de me faltar os tais modos de uma moça para sentar e a falta de paciência de cruzar sempre as pernas.
mas, quando encana um vento entre as pernas, neste calor do inferno, compensa!

sábado, 18 de dezembro de 2010

juro que às vezes eu tento ser saudável

a gente paga CARO pelo plano de saúde e quando precisa alguma coisa a secretária do médico diz:
tem hora só para daqui 45 dias, mas se for consulta particular tem para semana que vem.
a gente vai ao PA e tem gente baleada, mulher espancada. a gente vai embora achando o problema pequeno demais para aqueles excessos de vida real.
no outro dia a dor volta e a gente liga de novo para a secretária que não tem culpa de nada.
sou eu de novo. acho que se o fulaninho doutor não gosta de atender plano deve se descadastrar, sabe?
ela, toda educada pergunta se a gente quer marcar uma hora.
não obrigada, queria só avisá-los que vou ali fazer uma automedicação e já volto.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

épocas

eu tenho saudade daquele tempo em que todas as mercadorias tinham o preço colado em cima.
no meio do mercado sempre tinha gente com aquelas máquinas colando preços nos produtos.
naquela época eu sempre sabia o que eu podia comprar.
hoje eu mal sei por quanto eu me vendo.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

das facilidades

um dia porque estava cansada, outro porque o dia estava difícil, no outro porque precisava dormir bem e tantas vezes porque tinha cansado de se indispor.
foi assim que ela foi desistindo de algumas pequenas coisas.
não demorou e doeu um pouco só: ela aprendeu a ignorar coisas que a incomodavam.
não reclamava, não brigava.
esquecia. não via. engolia.
um dia ao se olhar no espelho, ela ficou em dúvida sobre uma pinta perto da boca. nascera com ela, mas não lembrava. só sossegou quando olhou uma foto desbotada de si mesma, mas não mais desbotada que as suas certezas.
doeu bem mais do que ela imaginava e nunca mais passou.