sábado, 27 de dezembro de 2008

das minhas leituras


Ele prefere a suavidade do humor ao ridículo do amor, mas nada disso sabe ainda, pernas muito fracas para o peso da alma.

A minha liberdade é uma margem muita estreita, suficiente apenas para me deixar em pé.

Da obra O filho eterno de Cristovão Tezza, que o Sr. Noel me trouxe no Natal.

Nesta época difícil, nada melhor que um personagem humano para me habitar, como cantou o meu poeta eu não preciso de modelos, eu não preciso de heróis... Eu (também) preciso me achar e me perder nas pessoas, naquelas que ainda são gente.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

NÃO-MÃES - do blog da Leila Ferreia

O fato é que nós, não-mães, ainda somos vistas como mulheres à parte. As que não puderam ter filhos contam com a solidariedade das outras. Mas as que optaram por não tê-los são vistas como criaturas exóticas e imaturas, não raro egoístas. Em um mundo cheio de parquinhos, carrinhos, bichinhos, amiguinhos -esse vasto mundo no diminutivo-, quem não tem filhos se sente grande e desajeitada, alguém que não se encaixa. Talvez por isso algumas mulheres tenham comportamentos excêntricos para compensar a não-maternidade.

de fora e de dentro

a mãe dela que nos contou, que mesmo ele sendo de uma cidade distante eles não passam um dia sem se ver.
ela pediu licença do emprego, alugou a casa, colocou os filhos embaixo do braço e vai morar com ele.
uma comentou que não morre sem sentir de novo um homem apaixonado por ela.
a outra disse que não morre sem se apaixonar de novo, que a cegueira da loucura rejuvenesce.
as que falaram mal não se deram conta do quanto pode ser inveja ou pena de si mesmas.
eu ( a mais nova de todas) não disse nada. mas, fiquei pensando... no quanto seria interessante acreditar, ao menos de vez em quando. ao menos eu saberia o que dizer, o que fazer com as mãos e para onde olhar. não apenas dentro da roda, mas também dentro de mim mesma.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Programa de Natal

então, depois de uns (poucos) anos eu vou passar o natal com o meu pai e com a minha mãe.
de novo.
não há papai noel que supere as habilidades do meu pai.
não há anjo que consiga perdoar mais do que a minha mãe.
não há restaurante que se empenhe tanto quanto eles nas minhas preferência calóricas.
não há boteco algum que faça o dobro de comida para eu poder levar uma marmitinha pra casa.
não há casa alguma, a não ser a deles, na qual eu possa tirar o sapato embaixo da mesa durante a janta sem ninguém reparar no meu chulé.
não há casa alguma, a não ser a deles, onde as mulheres não reparam na minha falta de vontade de lavar a louça.

não há natal que supera a festa de estar entre os nossos.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O que você gostaria de perder neste Natal?

PAPAI NOEL ÀS AVESSAS
por Leila Ferreira
http://www.nosmulheres.globolog.com.br/

Minha culpa, minha máxima culpa.
Quando propus que fizéssemos juntas uma lista do que gostaríamos de ganhar neste Natal, uma de vocês mandou uma sugestão que eu adorei: disse que não gostaria de ganhar nada - o que queria mesmo era perder cinco quilos.

Gostei tanto que deixei pra encerrar a coluna da Marie Claire com ela, mas na hora de redigir o texto acabei me confundindo e a sugestão ficou de fora. Por isso, vou propor agora que a gente faça uma lista inspirada nela.

O que você gostaria de perder neste Natal, amiga?

O que amaria descartar ou deixar pra trás? Do que gostaria de se ver livre?

Minha lista teria no mínimo os seguintes itens:
- Impaciência (a minha é infinita)
- Desorganização (perco documentos, contas, certidões, já “guardei”o lixo no armário de produtos de limpeza e só compro os produtos de limpeza que não preciso)- Preguiça de fazer ginástica (a energia que gasto inventando desculpas pra não malhar é que acaba queimando minhas calorias)- Fome incontrolável depois das 6 da tarde (basta o sol se esconder que eu começo a saquear a cozinha)
- Enjôo de viagem (como será a vida sem Dramin?)
- Ciúme (tem atraso de vida maior?)
- Implicância com quem fala alto no celular em lugares públicos (como implicar com 98% da população?)
- Intolerância a barulho de um modo geral (que sentido tem, num mundo onde o silêncio deixou de existir?)

Enfim, amigas, é só uma amostra do que eu gostaria de perder neste Natal. E vocês, gostariam que o Papai Noel levasse o quê pra Lapônia, com a promessa de deixar lá para sempre?

*** Pra mim, os 5 kgs tava de bom tamanho!
Ho ho ho ho!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Então, é NATAL

O fim de ano me deixa pior que o Papai Noel.
Do nada ela me olha e diz: - Preciso comprar roupa, nada que eu tenho está na moda.
Do fundo da alma eu respondo: - Perde uns kgs que teu guarda-roupa INTEIRO entra na moda.
(Pior que nem é maldade, é experiência própria...)

Ho ho ho ho!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

cartão de casamento

pra quem escreve, sempre sobra de tudo e mais um pouco: cartão, mensagem, agradecimento, correção, revisão, notícia, matéria, bilhete, ...

mas, desta vez foi inusitado: cartão para o segundo casamento de uma amiga recém separada.

lá fui eu, hohohoho:

com desejos de muiiitos brindes e comemorações, porque depois de tanta cueca lavada, só bebendo para recomeçar!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

sentir-se vivo

depois da gente conversar sobre livros, filmes e idéias ele confessou que se sente vivo quando peida.
eu (que faço tanta merda) sou trancada que nem sei para fazer cocô.
mas, pra eu me sentir viva... preciso de umas pessoas como ele.
pessoas capazes de escutar a mesma trilha sonora, pessoas que conhecem os personagens e autores que me habitam, os filmes que me traduzem.

eu me sinto viva quando me aproximo, quando o mundo está ao meu alcance através de pessoas que me alcançam e se deixam alcançar.

Foucault

A ficção consiste não em fazer ver o invisível, mas em fazer ver até que ponto é invisível a invisibilidade do visível.

(Sim, a gente tem de ler mais de uma vez...)

(Sim, este homem me tira o sono e ilumina minhas dúvidas...)

das teorias

eu discuto amor, gosto, sabor e também teorias.
(cores eu não discuto, eu prefiro a busca do invisível)
porque nada é mais triste e sem graça do que uma certeza.
mas, a teoria que segue me deixou sem palavras (e olha que eu fujo sempre através delas... às vezes, eu acho que eu respiro nelas.)

assim, no portão da escola.
de repente.
uma mãe contando de uma lojinha que abriu.
eu, bem pobre, fui logo dizendo: mas ali as coisas são tão caras...
ela foi emendando: mas, caro ou barato a gente tem que gastar todo o dinheiro do marido de qualquer jeito!
eu olhei pra ela com aquele meu olhar de moeda de um centavo perdida.
ela continuou:
só arruma outra mulher marido que tem grana para bancar mais de uma.

eu me senti menos uma.
além de eu viver do suor do meu rosto (esta é do meu pai!), eu racho as contas (e - claro - a cabeça).