domingo, 15 de julho de 2012

esteira

dia destes ela me perguntou como eu suportava a esteira da academia. eu até gosto. nem sempre que eu ando eu saio do lugar. poucas vezes eu sei onde quero chegar. mas, eu gosto do movimento alucinado da vida. mesmo sendo demais, tantas vezes eu ainda gosto. claro que eu preferia com bem mais silêncio. menos horários. menos burocracias. menos filas. menos impostos. mais feriados. menos tempo perdido. mais sinceridade. ... ao menos na esteira a gente regula a velocidade e tem onde segurar.

face

eu não tenho face porque eu ando querendo coisas a menos e a não a mais. a internet já me leva um tempo que eu não disponho. sem face, sem orkut, sem twitter... mas, agora todo mundo sabe de tudo mundo pelo face. tem coisas que chega ser gafe a gente perguntar ou não saber, pois está no face. tá lá: tudo mundo feliz e lindo no face. e eu aqui. sem face. sem fotos. sem saber. mas, eu ainda imagino. eu ainda ouso não saber. e quando por acaso sei, me decepciono... a minha imaginação é menos feliz e menos bonita, mas mais criativa.

meus tios

eu tenho um tio inválido e uma tia com alzheimer. juntando os dois dava um. o ponto de encontro (pra mim) de tudo isto são as minhas avós. ele tem 3 filhas distantes. ela 3 filhos idolatrados. ele mora num asilo. ela não mora mais em seu corpo. ela não tira o pijama. ele quer calças novas. ela guarda mágoas da mãe. ele foi ingrato com a sua. a mãe dela morreu num asilo. a mãe dele desistiu da vida após uma cirurgia. a cirurgia dele não chega e para ela não há mais remédio. entre a vista de ambos, no mesmo dia, quase se faz noite (sem estrelas) na hora do almoço. só posso pensar que o remédio de ambos seria o perdão e a gratidão. mas, agora é tarde. tarde é um lugar definitivo. e nem sempre comporta um chá.