sábado, 29 de dezembro de 2012

Pornô Soft

Eu não li ainda e nem sei se vou ler.
Conheço um monte de gente que amou...

Mas, eu tenho um problema bem grande com estas denominações.
Pornô é pornô.
Qual é o problema em ser pornô?
(Alguém aí conhece uma "puta soft"?)
(Aliás, para mim que sou beeem velha, SOFT é uma bala assassina. Se você não entendeu a piada, fique feliz, você AINDA não chegou lá...)

Aliás, por falar em vocabulário, conheço gente que ao separar diz que está passando por um "estresse doméstico" (estresse doméstico para mim é quando queima a resistência do chuveiro), conheci uma guria que se gabava que a mãe era promotora, enchia a boca para dizer "promotora" (era promotora de vendas da Avon). Sem falar no "Sertanejo Universitário". Agora esta: Pornô Soft!

De verdade, eu acho que o sucesso é por conta do protagonista tarado. Com tanto gay, com tanta mulher em desespero... como um protagonista tarado não vai arrasar? Ainda mais chamado meigamente de SOFT.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

"Esse cara"

"Esse cara" é o Papai Noel. Ele sorri usando roupa comprida neste calor infernal. Ela "pegou" as famosas do seriado "Entre tapas e beijos". Ele tem barriga (e eu adoro as imprefeições, eu me sinto menos só quando os outros também são humanos e imprefeitos...)e mesmo assim as crianças e até alguns adultos acreditam nele. Ele é tão generoso que acreditou que até a filha da Xuxa necessitava ganhar um carro de luxo num sorteio...

Esse cara é o Papai Noel!

Milagre de Natal

A magia do Natal é que o Papai Noel aparece para quem realmente precisa:

"Sasha nem compareceu ao evento beneficente Natal do Bem, organizado por João Dória Jr, nessa segunda (17), em São Paulo, mas foi sorteada e ganhou um carro de luxo, que foi recebido por sua mãe, a apresentadora Xuxa Meneghel." (Fonte: Site Terra)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

natal

é triste pensar que o saco do papai noel é de brinquedo.
porque o meu, não é brincadeira.

domingo, 2 de dezembro de 2012

conversa de casal

ele: sabe aquele cara que a gente viu? ele é casado?
ela: claro que não, a camiseta dele tinha uns furinhos...
ele: mas, eu também tenho camiseta com furinhos...
ela: é que os outros escolhem melhor as suas mulheres.

(me comove: camiseta com furinho, tênis meio sujo, celular arranhado,...)

domingo, 25 de novembro de 2012


des espero

o que você faz enquanto espera? confere o celular? fuma? olha os pés das pessoas que passam pela sua frente?
eu olho as pessoas e imagino as suas histórias.
me imagino nas roupas dos outros.
sinto uma pena infinita de todas as mulheres de salto e uma compaixão absoluta pelos homens de terno.
tantas máscaras diárias e as pessoas ainda se submetem a isto.
dia destes ainda escutei numa palestra de um cara importante que um homem de gravata é um homem que ainda está na luta.
desmeuedeminguém, luta é tão outra coisa.
luta, sou eu pelada, embaixo da minha roupa.
sozinha, suando, acreditando no meu desodorante, chegando sempre na hora. perdendo a hora de coisas importantes que vou adiando.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

livros: esperanças inúteis



por que eu compro livros que não leio?
porque me faz bem ter por perto livros que me interessam, me esperando.
e eu tenho certeza que alguns nunca serão lidos.
e não, isto não me incomoda.
e eu adoro uma companhia que sabe ficar em silêncio.
talvez seja que eu mais aprecio no ato de ler: escutar "uma voz" silenciosa, mas que diz tanto... (tô tão cansada deste volume insano da vida que tantas vezes não diz nada...)
 
por que eu compro livros que eu já li?
me acalma ter as alcance das mãos os livros bons que já li e também porque gosto de reler trechos.
com tantos autores não lidos, com tanta coisa a descobrir, eu consigo me comover com o fato de poder reler o que já li.
eu sempre achei que o melhor destino é voltar para casa.
porque imagino (inutilmente) que algumas pessoa que gosto vão se interessar pelos mesmos livros eu eu.
 
por que eu empresto livros?
porque eu acredito (inutilmente) que as pessoas vão devolver.
porque eu acredito (também inutilmente) que as pessoas vão compartilhar seus sentimentos em relação às obras comigo.
 
então é isto. como dá para constatar, livros me fazem crer em esperanças inúteis.
mas, sempre foi na inutilidade da vida que vi seu encanto.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

soda


alguém me contou que não se coloca soda nos ralos. endurece a gordura e entope tudo.
eu quase morri. fiquei órfã da minha catarse doméstica preferida.
tanta poeira velha nas alturas dos meus armários e eu ali, me dedicando sempre aos ralos.
acreditando que podia derreter a sujeira.
pensei na vida como alguém na cadeira de rodas olha para um par de tênis.
a vida, a muleta da morte?

desfloriram os canteiros como fotos dos políticos.
a foto de cada um deles murcha o meu dia.
eu lembro do dia em que acreditei em um partido e não esqueço o dia em coloquei a minha bandeira no lixo.
eu escuto chico e me acho mal agradecida por pensar em anular todos os meus votos.
quando penso em votar em alguém, me sinto como aquela mulher que apanha do marido e acredita que ele vai mudar.
a minha vergonha na cara me pesa mais do que minha armadura.

eu vou ao mercado e não acho os preços dos produtos.
não acho o leitor dos códigos de barras.
eu tenho saudades daquele tempo em que os produtos tinham os preços colados em cima.
naquele tempo eu sabia por quanto eu me vendia.

de vez em quando, acho um pote com comida esquecida dentro da geladeira. jogo até o pote fora.
gelo lembrando das coisas que faço de conta que esqueci e que me apodrecem.
eu não posso jogar tudo fora e não posso colocar soda nos ralos.
eu não sei quanto custa o que escolho pagar.
a minha liberdade política me aprisiona.
as minhas vírgulas às vezes são os olhos da minha cara.

e agora, até os ralos vão ficar sujos. e se eu não resistir, entupidos.

domingo, 15 de julho de 2012

esteira

dia destes ela me perguntou como eu suportava a esteira da academia. eu até gosto. nem sempre que eu ando eu saio do lugar. poucas vezes eu sei onde quero chegar. mas, eu gosto do movimento alucinado da vida. mesmo sendo demais, tantas vezes eu ainda gosto. claro que eu preferia com bem mais silêncio. menos horários. menos burocracias. menos filas. menos impostos. mais feriados. menos tempo perdido. mais sinceridade. ... ao menos na esteira a gente regula a velocidade e tem onde segurar.

face

eu não tenho face porque eu ando querendo coisas a menos e a não a mais. a internet já me leva um tempo que eu não disponho. sem face, sem orkut, sem twitter... mas, agora todo mundo sabe de tudo mundo pelo face. tem coisas que chega ser gafe a gente perguntar ou não saber, pois está no face. tá lá: tudo mundo feliz e lindo no face. e eu aqui. sem face. sem fotos. sem saber. mas, eu ainda imagino. eu ainda ouso não saber. e quando por acaso sei, me decepciono... a minha imaginação é menos feliz e menos bonita, mas mais criativa.

meus tios

eu tenho um tio inválido e uma tia com alzheimer. juntando os dois dava um. o ponto de encontro (pra mim) de tudo isto são as minhas avós. ele tem 3 filhas distantes. ela 3 filhos idolatrados. ele mora num asilo. ela não mora mais em seu corpo. ela não tira o pijama. ele quer calças novas. ela guarda mágoas da mãe. ele foi ingrato com a sua. a mãe dela morreu num asilo. a mãe dele desistiu da vida após uma cirurgia. a cirurgia dele não chega e para ela não há mais remédio. entre a vista de ambos, no mesmo dia, quase se faz noite (sem estrelas) na hora do almoço. só posso pensar que o remédio de ambos seria o perdão e a gratidão. mas, agora é tarde. tarde é um lugar definitivo. e nem sempre comporta um chá.

terça-feira, 29 de maio de 2012

liberdade

já achei que liberdade fosse uma calça de suplex um número maior. mas, é a tela vazia, tempo disponível e silêncio (e de preferência com chuva).

sexta-feira, 11 de maio de 2012

"próximo" cada um tem o seu

tem gente que pensa no próximo separando o lixo, plantando uma árvore e economizando água. eu cuido do meu próximo, não deixando a jarra vazia, o banheiro sem papel, o grampeador sem grampos, a impressora sem folha, o chuveiro sem sabonete e estas coisas. respeitando o sinal de trânsito. esperando certinho nas filas da vida (sem furar). não deixando o celular dias e dias desligado. e, às vezes ainda esqueço de dizer "tchau", "oi" e umas coisas assim. mas, normalmente eu agradeço. e ficaria muito agradecida se eu fosse o próximo de alguém. até de alguém que não me conhece. porque eu já nem acho que é só meu dedo que é podre - e sim a humanidade toda. sempre na "minha" fila do mercado tem um furão. é difícil eu usar um banheiro fora da minha casa que tenha papel. é no sinal de trânisto que eu mais me concentro para atravessar a rua, pois sempre tem motorista que não pára no sinal fechado. e assim o mundo devora a minha crença na humanidade. claro que podia morar no meio do mato, mas do mato eu não sei tirar meu sustento. e sobrevivi só é legal na TV. sim, tenho dias de mais humor e mais fé. mas, normalmente em finais de semana.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

das crenças

ela se esforçou tanto para acreditar nas palavras dele e abortar o que seus olhos viam que desacreditou de si mesma.

terça-feira, 17 de abril de 2012

vida barata

tão difícil pra mim a vida doméstica: o mercado, as filas, as comidas tão orgânicas sempre sendo mais rápidas do que eu, as roupas, a senhora que me ajuda a limpar a casa - tão intrusa e tão heróica - , o pó, o despertador, o microondas que explode as comidas. o cachorro de verdade que eu quero comprar.

e agora o veneno errado para as baratas que fazem elas morrerem se cagando.

o casaco azul claro que eu comprei pela internet achando que era branco. não sei o que se faz com um casaco azul claro. sou mais alemoa e mais desbotada ainda com um casaco azul claro. e é novo. e custou. e tem gente que passa frio. e eu tentando. tentando tantas coisas. e paciência indo pelo ralo.

agora, em cada barata eu relembro as visitas ao meu tio no asilo: eu também posso morrer me cagando sem dar a mínima para a cor do casaco. sem veneno?

eu caminho uma hora na esteira todos os dias contra o meu imc. e às vezes mastigo o ganho gerando a perda.

as ideias me mastigam tanto que nenhum casaco consegue me proteger de mim mesma. eu escrevo para quem eu nunca vi porque tanta gente que eu vejo esmaga tudo nas entrelinhas e é ali - tantas vezes só ali - que eu busco ar.

quinta-feira, 29 de março de 2012

desaprendizagem

eu aprendo com dificuldade, pouca coisa eu faço bem.
com a mesma dificuldade eu também desaprendo.
é, eu sou uma pessoa devagar.

mas, eu me orgulho dos meus progressos.

quando eu era pequena os sabonetes caros a gente colocava nas gavetas para perfumar as roupas e quando eles chegavam ao seu verdadeiro destino eram um deserto olfativo.

mas, agora eu desaprendi: os sabonetes caros e novos (normalmente que eu ganho de presente) vão direto para o banheiro cumprir o seu destino.

o banho mais cheiroso e a regra quebrada me colocam mais perto de mim mesma.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

travesseiro

travesseiro



pra que não sofre de insônia, o assunto é fricote.

em 2 minutos eu tô dormindo e juro: sonhando.

e cada vez que eu deito na cama eu penso: por que eu não vim antes?



se eu tivesse insônia eu usaria o tempo para pôr algum caos em ordem.

uma roupa, uma louça ou um mail começado.

eu espiava o sol nascer e quem caminha pelo escuro nas ruas quase desertas.

compraria um telescópio.



mas, não. eu durmo.

a hora que eu quiser. onde eu quiser.

com música, com TV, com luz,...

eu pago.

eu desligo.



eu só não durmo bem quando não tem ninguém para me acordar na hora em que preciso ir trabalhar.

tenho pânico de perder a hora. apesar de me perder com facilidade no tempo.

na cabeceira da cama tenho um despertador com luzinha, acho uma alegria danada acordar no meio da noite e ver que ainda restam mais horas para desligar.

até no banheiro fazer xixi eu vou dormindo e já fiquei lá dormindo sentada no vaso.



tenho sonhos compatíveis com as posições que adoto para dormir, muitas vezes ao dormir com as mãos atrás da cabeça sonhei que estava pendurada em uma árvore, obviamente pelos braços. e assim vai e vai.

sonho com pessoas mortas que me abraçam e me contam da liberdade que é morrer.

todos os professores de matemática que eu tive eu já matei a facadas em sonhos (ou pesadelos?).

já lanhei tanta gente chata que cheguei a acordar cansada. com dor nos braços.

quando durmo com fome sonho com banquetes e acordo feliz sem ingerir nenhuma caloria.

tenho até sonhos que seguem de uma noite para outra. tipo novelinha.



eu não fumo, não bebo, faço atividade física, me alimento mais ou menos e é por isto que eu durmo bem, mas no sentido inverso.

dormir é minha única fuga.

é ali que tenho asas e não estas raízes tristemente germânicas. (eu já sonhei que eu voava e que nadava pelos canais de veneza)

é ali que eu respiro, é nesta hora que eu me afogo e volto à tona.

um cochilo é o amor no seu formato mínimo.

é quando eu me pego pela mão me dou colo para no outro dia engolir o tédio e ir à luta.



eu fico sem comer e sem beber e até com dor. mas passar sono me mata um pouco. me correm lágrimas dos olhos e me dói a cabeça. o corpo petrifica.

mas, quando eu durmo eu renasço.

com diz a música, nesta hora eu sou só minha e não de quem quiser. sou minha irmã e minha menina, sou deus. uma deusa.



eu não entendo quem não dorme. e também não compreendo o que só o sono faz comigo. não está ao meu alcance, mas me traga.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

sagrado

pra mim, o espaço sagrado da internet é pré-histórico: E-MAIL.
ninguém comenta.
ninguém adultera.
ninguém se limita ao número de toques.
ninguém espia.
a gente escreve quando quer.
o outro abre quando tem vontade.

mas, quando eu falo em mandar um e-mail, os olhos ao redor se arregalam.
todo mundo quer face. twitter. um milhão de seguidores. ser olhado. amado. requisitado. comentado.
(aliás, tanta gente no twitter me intriga: eu acho uma baita vantagem poder pensar em segredo, em voz baixa, rir sozinha e por dentro,... ser eu mesma apenas comigo mesma...)

eu quero ser esquecida por muitos.
quero mais asas do que rastros.
mais abstração e menos exposição.

eu uso e-mail de forma sagrada.
abro no mínimo uma vez ao dia.
respondo.
confesso vergonhas.
conto segredos.
marco compromissos.
me arrisco até na poética para os íntimos.
releio.
mando e-mail até para mim mesma. sim, eu falo comigo mesma em voz alta, baixa e também escrita. no banheiro até cantada.
e não, não repasso bobagens. não, de verdade.
não que eu não queira que meus contatos ganhem aquela cesta da cacau show, mas eu já passei desta fase tão doce. e mesmo assim eu gostaria de ser minimamente respeitada.

como diz a música, MAIL para mim não é uma transa típica, é o amor no seu formato mínimo.
não, eu sou uma menina procurando um príncipe. mas, também não quero todo o lixo do mundo, como os caras que estão atrás da próxima. se eu estou atrás de algo (em todos os sentidos) é das palavras. pra mim, sagradas.

sábado, 14 de janeiro de 2012

ternurinha de hoje

hoje, assistindo série, eis a ternurinha:
quando o paciente foi questionado sobre a ineficácia do antidepressivo, disse que sim, que não funcionava nele. pois ele estava plantando todos os comprimidos na floreira. ainda complementou dizendo que as flores estavam felizes.

rotina

minha esperança de cada dia é voltar para casa, tomar banho, ligar o ar e chegar ao teclado ou simplesmente apagar a luz.
continuo fazendo exercício físico todos os dias, simplesmente porque a minha bunda flácida é a minha esperança mais concreta.
ligo para a minha mãe todos os dias.
ele tenta me compreender e fica furioso quando esqueço de fechar a janela para trocar de roupa ou vou só de camiseta levar o lixo. acredita que tem gente nos olhando. e eu, tenho olhado para onde?
não, eu não acho que a tristeza é uma maneira da gente se salvar depois.
eu tento ser alegre. sei até fazer graça. mas, nunca me sai de graça esta corrupção toda. me saber palhaça e não ser a dona do circo não tem graça nenhuma.
sou só quem eu posso e sei quanto eu pago por isto. os trocados pelos quais eu me vendo nunca pagaram o preço. vai ver que é por isto que eu guardo dinheiro.

ins piração

não existe nada de vivo entre os meus dedos e estas teclas
todo dia eu pego meu desencanto e o meu cansaço no colo
depois eu meço, mato e guardo
e sigo na canseira calma de sobreviver.
normalmente penso silenciosamente e num tom ensurdecedor de tanto sarcasmo.
quando eu escrevo eu sou ainda pior, mas daí eu me sinto melhor.
um dia na vida passa de carona na esquina e vale qualquer tentativa.

(releitura minha de um trecho de cazuza)