domingo, 9 de junho de 2013

a vida

A vida não imita a arte. Imita um programa ruim de televisão.
Paulo Leminski

escutei na TV

que toda mulher deve ser falsa, depilada e necessária.
(acho que sou homem)

ah, o amor

"Amor, então
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima."
Paulo Leminski

sábado, 29 de dezembro de 2012

Pornô Soft

Eu não li ainda e nem sei se vou ler.
Conheço um monte de gente que amou...

Mas, eu tenho um problema bem grande com estas denominações.
Pornô é pornô.
Qual é o problema em ser pornô?
(Alguém aí conhece uma "puta soft"?)
(Aliás, para mim que sou beeem velha, SOFT é uma bala assassina. Se você não entendeu a piada, fique feliz, você AINDA não chegou lá...)

Aliás, por falar em vocabulário, conheço gente que ao separar diz que está passando por um "estresse doméstico" (estresse doméstico para mim é quando queima a resistência do chuveiro), conheci uma guria que se gabava que a mãe era promotora, enchia a boca para dizer "promotora" (era promotora de vendas da Avon). Sem falar no "Sertanejo Universitário". Agora esta: Pornô Soft!

De verdade, eu acho que o sucesso é por conta do protagonista tarado. Com tanto gay, com tanta mulher em desespero... como um protagonista tarado não vai arrasar? Ainda mais chamado meigamente de SOFT.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

"Esse cara"

"Esse cara" é o Papai Noel. Ele sorri usando roupa comprida neste calor infernal. Ela "pegou" as famosas do seriado "Entre tapas e beijos". Ele tem barriga (e eu adoro as imprefeições, eu me sinto menos só quando os outros também são humanos e imprefeitos...)e mesmo assim as crianças e até alguns adultos acreditam nele. Ele é tão generoso que acreditou que até a filha da Xuxa necessitava ganhar um carro de luxo num sorteio...

Esse cara é o Papai Noel!

Milagre de Natal

A magia do Natal é que o Papai Noel aparece para quem realmente precisa:

"Sasha nem compareceu ao evento beneficente Natal do Bem, organizado por João Dória Jr, nessa segunda (17), em São Paulo, mas foi sorteada e ganhou um carro de luxo, que foi recebido por sua mãe, a apresentadora Xuxa Meneghel." (Fonte: Site Terra)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

natal

é triste pensar que o saco do papai noel é de brinquedo.
porque o meu, não é brincadeira.

domingo, 2 de dezembro de 2012

conversa de casal

ele: sabe aquele cara que a gente viu? ele é casado?
ela: claro que não, a camiseta dele tinha uns furinhos...
ele: mas, eu também tenho camiseta com furinhos...
ela: é que os outros escolhem melhor as suas mulheres.

(me comove: camiseta com furinho, tênis meio sujo, celular arranhado,...)

domingo, 25 de novembro de 2012


des espero

o que você faz enquanto espera? confere o celular? fuma? olha os pés das pessoas que passam pela sua frente?
eu olho as pessoas e imagino as suas histórias.
me imagino nas roupas dos outros.
sinto uma pena infinita de todas as mulheres de salto e uma compaixão absoluta pelos homens de terno.
tantas máscaras diárias e as pessoas ainda se submetem a isto.
dia destes ainda escutei numa palestra de um cara importante que um homem de gravata é um homem que ainda está na luta.
desmeuedeminguém, luta é tão outra coisa.
luta, sou eu pelada, embaixo da minha roupa.
sozinha, suando, acreditando no meu desodorante, chegando sempre na hora. perdendo a hora de coisas importantes que vou adiando.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

livros: esperanças inúteis



por que eu compro livros que não leio?
porque me faz bem ter por perto livros que me interessam, me esperando.
e eu tenho certeza que alguns nunca serão lidos.
e não, isto não me incomoda.
e eu adoro uma companhia que sabe ficar em silêncio.
talvez seja que eu mais aprecio no ato de ler: escutar "uma voz" silenciosa, mas que diz tanto... (tô tão cansada deste volume insano da vida que tantas vezes não diz nada...)
 
por que eu compro livros que eu já li?
me acalma ter as alcance das mãos os livros bons que já li e também porque gosto de reler trechos.
com tantos autores não lidos, com tanta coisa a descobrir, eu consigo me comover com o fato de poder reler o que já li.
eu sempre achei que o melhor destino é voltar para casa.
porque imagino (inutilmente) que algumas pessoa que gosto vão se interessar pelos mesmos livros eu eu.
 
por que eu empresto livros?
porque eu acredito (inutilmente) que as pessoas vão devolver.
porque eu acredito (também inutilmente) que as pessoas vão compartilhar seus sentimentos em relação às obras comigo.
 
então é isto. como dá para constatar, livros me fazem crer em esperanças inúteis.
mas, sempre foi na inutilidade da vida que vi seu encanto.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

soda


alguém me contou que não se coloca soda nos ralos. endurece a gordura e entope tudo.
eu quase morri. fiquei órfã da minha catarse doméstica preferida.
tanta poeira velha nas alturas dos meus armários e eu ali, me dedicando sempre aos ralos.
acreditando que podia derreter a sujeira.
pensei na vida como alguém na cadeira de rodas olha para um par de tênis.
a vida, a muleta da morte?

desfloriram os canteiros como fotos dos políticos.
a foto de cada um deles murcha o meu dia.
eu lembro do dia em que acreditei em um partido e não esqueço o dia em coloquei a minha bandeira no lixo.
eu escuto chico e me acho mal agradecida por pensar em anular todos os meus votos.
quando penso em votar em alguém, me sinto como aquela mulher que apanha do marido e acredita que ele vai mudar.
a minha vergonha na cara me pesa mais do que minha armadura.

eu vou ao mercado e não acho os preços dos produtos.
não acho o leitor dos códigos de barras.
eu tenho saudades daquele tempo em que os produtos tinham os preços colados em cima.
naquele tempo eu sabia por quanto eu me vendia.

de vez em quando, acho um pote com comida esquecida dentro da geladeira. jogo até o pote fora.
gelo lembrando das coisas que faço de conta que esqueci e que me apodrecem.
eu não posso jogar tudo fora e não posso colocar soda nos ralos.
eu não sei quanto custa o que escolho pagar.
a minha liberdade política me aprisiona.
as minhas vírgulas às vezes são os olhos da minha cara.

e agora, até os ralos vão ficar sujos. e se eu não resistir, entupidos.

domingo, 15 de julho de 2012

esteira

dia destes ela me perguntou como eu suportava a esteira da academia. eu até gosto. nem sempre que eu ando eu saio do lugar. poucas vezes eu sei onde quero chegar. mas, eu gosto do movimento alucinado da vida. mesmo sendo demais, tantas vezes eu ainda gosto. claro que eu preferia com bem mais silêncio. menos horários. menos burocracias. menos filas. menos impostos. mais feriados. menos tempo perdido. mais sinceridade. ... ao menos na esteira a gente regula a velocidade e tem onde segurar.

face

eu não tenho face porque eu ando querendo coisas a menos e a não a mais. a internet já me leva um tempo que eu não disponho. sem face, sem orkut, sem twitter... mas, agora todo mundo sabe de tudo mundo pelo face. tem coisas que chega ser gafe a gente perguntar ou não saber, pois está no face. tá lá: tudo mundo feliz e lindo no face. e eu aqui. sem face. sem fotos. sem saber. mas, eu ainda imagino. eu ainda ouso não saber. e quando por acaso sei, me decepciono... a minha imaginação é menos feliz e menos bonita, mas mais criativa.

meus tios

eu tenho um tio inválido e uma tia com alzheimer. juntando os dois dava um. o ponto de encontro (pra mim) de tudo isto são as minhas avós. ele tem 3 filhas distantes. ela 3 filhos idolatrados. ele mora num asilo. ela não mora mais em seu corpo. ela não tira o pijama. ele quer calças novas. ela guarda mágoas da mãe. ele foi ingrato com a sua. a mãe dela morreu num asilo. a mãe dele desistiu da vida após uma cirurgia. a cirurgia dele não chega e para ela não há mais remédio. entre a vista de ambos, no mesmo dia, quase se faz noite (sem estrelas) na hora do almoço. só posso pensar que o remédio de ambos seria o perdão e a gratidão. mas, agora é tarde. tarde é um lugar definitivo. e nem sempre comporta um chá.

terça-feira, 29 de maio de 2012

liberdade

já achei que liberdade fosse uma calça de suplex um número maior. mas, é a tela vazia, tempo disponível e silêncio (e de preferência com chuva).

sexta-feira, 11 de maio de 2012

"próximo" cada um tem o seu

tem gente que pensa no próximo separando o lixo, plantando uma árvore e economizando água. eu cuido do meu próximo, não deixando a jarra vazia, o banheiro sem papel, o grampeador sem grampos, a impressora sem folha, o chuveiro sem sabonete e estas coisas. respeitando o sinal de trânsito. esperando certinho nas filas da vida (sem furar). não deixando o celular dias e dias desligado. e, às vezes ainda esqueço de dizer "tchau", "oi" e umas coisas assim. mas, normalmente eu agradeço. e ficaria muito agradecida se eu fosse o próximo de alguém. até de alguém que não me conhece. porque eu já nem acho que é só meu dedo que é podre - e sim a humanidade toda. sempre na "minha" fila do mercado tem um furão. é difícil eu usar um banheiro fora da minha casa que tenha papel. é no sinal de trânisto que eu mais me concentro para atravessar a rua, pois sempre tem motorista que não pára no sinal fechado. e assim o mundo devora a minha crença na humanidade. claro que podia morar no meio do mato, mas do mato eu não sei tirar meu sustento. e sobrevivi só é legal na TV. sim, tenho dias de mais humor e mais fé. mas, normalmente em finais de semana.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

das crenças

ela se esforçou tanto para acreditar nas palavras dele e abortar o que seus olhos viam que desacreditou de si mesma.

terça-feira, 17 de abril de 2012

vida barata

tão difícil pra mim a vida doméstica: o mercado, as filas, as comidas tão orgânicas sempre sendo mais rápidas do que eu, as roupas, a senhora que me ajuda a limpar a casa - tão intrusa e tão heróica - , o pó, o despertador, o microondas que explode as comidas. o cachorro de verdade que eu quero comprar.

e agora o veneno errado para as baratas que fazem elas morrerem se cagando.

o casaco azul claro que eu comprei pela internet achando que era branco. não sei o que se faz com um casaco azul claro. sou mais alemoa e mais desbotada ainda com um casaco azul claro. e é novo. e custou. e tem gente que passa frio. e eu tentando. tentando tantas coisas. e paciência indo pelo ralo.

agora, em cada barata eu relembro as visitas ao meu tio no asilo: eu também posso morrer me cagando sem dar a mínima para a cor do casaco. sem veneno?

eu caminho uma hora na esteira todos os dias contra o meu imc. e às vezes mastigo o ganho gerando a perda.

as ideias me mastigam tanto que nenhum casaco consegue me proteger de mim mesma. eu escrevo para quem eu nunca vi porque tanta gente que eu vejo esmaga tudo nas entrelinhas e é ali - tantas vezes só ali - que eu busco ar.

quinta-feira, 29 de março de 2012

desaprendizagem

eu aprendo com dificuldade, pouca coisa eu faço bem.
com a mesma dificuldade eu também desaprendo.
é, eu sou uma pessoa devagar.

mas, eu me orgulho dos meus progressos.

quando eu era pequena os sabonetes caros a gente colocava nas gavetas para perfumar as roupas e quando eles chegavam ao seu verdadeiro destino eram um deserto olfativo.

mas, agora eu desaprendi: os sabonetes caros e novos (normalmente que eu ganho de presente) vão direto para o banheiro cumprir o seu destino.

o banho mais cheiroso e a regra quebrada me colocam mais perto de mim mesma.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

travesseiro

travesseiro



pra que não sofre de insônia, o assunto é fricote.

em 2 minutos eu tô dormindo e juro: sonhando.

e cada vez que eu deito na cama eu penso: por que eu não vim antes?



se eu tivesse insônia eu usaria o tempo para pôr algum caos em ordem.

uma roupa, uma louça ou um mail começado.

eu espiava o sol nascer e quem caminha pelo escuro nas ruas quase desertas.

compraria um telescópio.



mas, não. eu durmo.

a hora que eu quiser. onde eu quiser.

com música, com TV, com luz,...

eu pago.

eu desligo.



eu só não durmo bem quando não tem ninguém para me acordar na hora em que preciso ir trabalhar.

tenho pânico de perder a hora. apesar de me perder com facilidade no tempo.

na cabeceira da cama tenho um despertador com luzinha, acho uma alegria danada acordar no meio da noite e ver que ainda restam mais horas para desligar.

até no banheiro fazer xixi eu vou dormindo e já fiquei lá dormindo sentada no vaso.



tenho sonhos compatíveis com as posições que adoto para dormir, muitas vezes ao dormir com as mãos atrás da cabeça sonhei que estava pendurada em uma árvore, obviamente pelos braços. e assim vai e vai.

sonho com pessoas mortas que me abraçam e me contam da liberdade que é morrer.

todos os professores de matemática que eu tive eu já matei a facadas em sonhos (ou pesadelos?).

já lanhei tanta gente chata que cheguei a acordar cansada. com dor nos braços.

quando durmo com fome sonho com banquetes e acordo feliz sem ingerir nenhuma caloria.

tenho até sonhos que seguem de uma noite para outra. tipo novelinha.



eu não fumo, não bebo, faço atividade física, me alimento mais ou menos e é por isto que eu durmo bem, mas no sentido inverso.

dormir é minha única fuga.

é ali que tenho asas e não estas raízes tristemente germânicas. (eu já sonhei que eu voava e que nadava pelos canais de veneza)

é ali que eu respiro, é nesta hora que eu me afogo e volto à tona.

um cochilo é o amor no seu formato mínimo.

é quando eu me pego pela mão me dou colo para no outro dia engolir o tédio e ir à luta.



eu fico sem comer e sem beber e até com dor. mas passar sono me mata um pouco. me correm lágrimas dos olhos e me dói a cabeça. o corpo petrifica.

mas, quando eu durmo eu renasço.

com diz a música, nesta hora eu sou só minha e não de quem quiser. sou minha irmã e minha menina, sou deus. uma deusa.



eu não entendo quem não dorme. e também não compreendo o que só o sono faz comigo. não está ao meu alcance, mas me traga.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

sagrado

pra mim, o espaço sagrado da internet é pré-histórico: E-MAIL.
ninguém comenta.
ninguém adultera.
ninguém se limita ao número de toques.
ninguém espia.
a gente escreve quando quer.
o outro abre quando tem vontade.

mas, quando eu falo em mandar um e-mail, os olhos ao redor se arregalam.
todo mundo quer face. twitter. um milhão de seguidores. ser olhado. amado. requisitado. comentado.
(aliás, tanta gente no twitter me intriga: eu acho uma baita vantagem poder pensar em segredo, em voz baixa, rir sozinha e por dentro,... ser eu mesma apenas comigo mesma...)

eu quero ser esquecida por muitos.
quero mais asas do que rastros.
mais abstração e menos exposição.

eu uso e-mail de forma sagrada.
abro no mínimo uma vez ao dia.
respondo.
confesso vergonhas.
conto segredos.
marco compromissos.
me arrisco até na poética para os íntimos.
releio.
mando e-mail até para mim mesma. sim, eu falo comigo mesma em voz alta, baixa e também escrita. no banheiro até cantada.
e não, não repasso bobagens. não, de verdade.
não que eu não queira que meus contatos ganhem aquela cesta da cacau show, mas eu já passei desta fase tão doce. e mesmo assim eu gostaria de ser minimamente respeitada.

como diz a música, MAIL para mim não é uma transa típica, é o amor no seu formato mínimo.
não, eu sou uma menina procurando um príncipe. mas, também não quero todo o lixo do mundo, como os caras que estão atrás da próxima. se eu estou atrás de algo (em todos os sentidos) é das palavras. pra mim, sagradas.

sábado, 14 de janeiro de 2012

ternurinha de hoje

hoje, assistindo série, eis a ternurinha:
quando o paciente foi questionado sobre a ineficácia do antidepressivo, disse que sim, que não funcionava nele. pois ele estava plantando todos os comprimidos na floreira. ainda complementou dizendo que as flores estavam felizes.

rotina

minha esperança de cada dia é voltar para casa, tomar banho, ligar o ar e chegar ao teclado ou simplesmente apagar a luz.
continuo fazendo exercício físico todos os dias, simplesmente porque a minha bunda flácida é a minha esperança mais concreta.
ligo para a minha mãe todos os dias.
ele tenta me compreender e fica furioso quando esqueço de fechar a janela para trocar de roupa ou vou só de camiseta levar o lixo. acredita que tem gente nos olhando. e eu, tenho olhado para onde?
não, eu não acho que a tristeza é uma maneira da gente se salvar depois.
eu tento ser alegre. sei até fazer graça. mas, nunca me sai de graça esta corrupção toda. me saber palhaça e não ser a dona do circo não tem graça nenhuma.
sou só quem eu posso e sei quanto eu pago por isto. os trocados pelos quais eu me vendo nunca pagaram o preço. vai ver que é por isto que eu guardo dinheiro.

ins piração

não existe nada de vivo entre os meus dedos e estas teclas
todo dia eu pego meu desencanto e o meu cansaço no colo
depois eu meço, mato e guardo
e sigo na canseira calma de sobreviver.
normalmente penso silenciosamente e num tom ensurdecedor de tanto sarcasmo.
quando eu escrevo eu sou ainda pior, mas daí eu me sinto melhor.
um dia na vida passa de carona na esquina e vale qualquer tentativa.

(releitura minha de um trecho de cazuza)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

metamorfoses

foi-se a época em que eu andava apertada de grana,
agora ando apertada de tempo.
tomara que quando eu tiver tempo e grana disponíveis, ainda me reste saúde.

amém

terça-feira, 4 de outubro de 2011

graça desgraça

às vezes eu acho que tudo se encaixa: sempre quando não tem onde estacionar eu penso na coincidência de ninguém saber ao certo para onde ir. é... eu penso estas coisas. e acho uma graça danada.

hoje o caixa eletrônico quase engoliu o dinheiro da minha mãe.
quer dizer, não cuspiu ele. ele simplesmente não saiu.
a minha mãe disse que se fosse meu pai ele ia gritar.
mas, mais cedo ou mais tarde alguém engole o dinheiro da gente, né? claro que é.

que venha a saúde

primeiro foram aquelas perebas na virilha.
depois, os meus batimentos cardíacos que só aumentavam e não paravam.
agora, a tal da rosácea. (uma doença crônica de pele que dá no rosto. fica muito vermelho, cascudo, quente, queima que é o inferno e incha ao ponto da deformidade.)

agora deu, né?
já conheci o inferno do pronto-atendimento.
já mendiguei consulta.
já chorei na frente do espelho.
já corri pra casa da minha mãe.
já gastei com consulta, exames e medicação.
(mas, conheci um médico ótimo e encontrei a querida da minha colega da pós no consultório médico)

já tenho até que concordar com aquelas pessoas que "só" te desejam saúde, pois acreditam que do resto a gente corre atrás. (mas, até da saúde - ao menos quando se está donte - a gente só corre atrás com grana).

e reafirmo no meu mar de neuras: o que a gente pode fazer de bom pelos outros é se cuidar. uma pessoa doente sempre atravanca a vida de muitos. principalmente da mãe.

então tá, agora deu, acabou, chegou ao fim. agora é saúde e saúde.

(amém e que assim seja - como diz a minha mãe)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

vida doméstica

lá em casa ninguém usa matemática para guardar os potes no armário.
é inevitável: cada vez que a gente abre a porta do armário desaba uns quantos potes na cabeça da gente.
já joguei potes fora, já falei com jeitinho com a senhora que ajuda com as lides da casa e já conversei com o marido que seca e guarda a louça que eu lavo com muito esforço.
nada.
eles continuam desabando.
às vezes para me consolar repito para mim mesma: ao menos eles desabam limpos.

domingo, 11 de setembro de 2011

início de semana

então, eis que decido enfrentar as alergias para poder nadar na piscina térmica do clube no sábado e no domingo.
depois eu dou um jeito me coçando com o pente, com a faca, usando meus cremes milionários e as minhas tantas pomadas de corticóides.
se a criatura não poder se dar um luxo no final semana, vai ser feliz quando?

neste final de semana, na piscina (piscina funda, quase sem bordas, para exercício físico mesmo) um casal com uma criança.
aquela idéia: a gente faz exercícios e ele brinca.
eu não tenho filhos, simplesmente porque não dá para guardar como um livro com um marca-páginas dentro e continuar depois. aliás não pára nunca. continua sempre e sempre e sempre. independente do ritmo e da vontade dos progenitores.
e se tem coisa que garantidamente dá errado é quando alguém quer tudo ao mesmo tempo... aquela coisa do útil e do agradável é pra poucos.
não deu outra. o guri se espatifou, deu sangue misturado na água, gente correndo e aquela coisa toda. só se falava em pontos. eu, no meu emaranhado de linhas e pontos de fuga, fiquei mais perdida ainda.

mas, voltei para casa me culpando menos pelas minhas renúncias.
afinal, eu tenho pouca coordenação motora - em todos os sentidos -, é uma coisa de cada vez mesmo. e olhe lá.

e assim começa mais um semana: sangue na água, pontos no guri, pai e mãe aflitos, eu me coçando, ... mas logo tem feriadão. e um monte de livros com marca-páginas me esperando.

et - até estas coisas que esperam a gente bem quietas e comportadas (livros, louça, roupas...) eu já ouço gritar. pordeusnossosenhor, como diria a minha vó.

11 de setembro

vou te dizer, eu gosto destes programas bem grotescos: "erros médicos", "sobrevivi", "pesca mortal" e por aí a coisa vai e às vezes eu vou junto e custo a voltar. custo mesmo.
mas, 11 de Setembro encheu o saco.
me vestiu de tédio e me entupiu de frases prontas.

e quantas e quantas vezes eu desmoronei inteirinha e ninguém ali pra nada?
é.
eu e todo mundo.
quantas e quantas vezes a gente desaba?
nenhuma condecoração.
só as olheiras assustando no espelho.
e a vida arrastando a gente adiante e deu.
e chega.

visitinha rápida, né?

ontem ao sair do asilo, depois de um esforço considerável para ficar quase meia hora, o cara da portaria me solta esta: visitinha rápida, né?
é, a vida é rapidinha pra quem não pensa e não sente.
pra mim a conta é grande, o tempo arrastado e o custo bem alto, ...

de fora e de longe, ninguém deveria ousar dizer uma palavra.
se o silêncio é uma agonia, a palavra errada é uma facada.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

da vida proletária

a criatura tira 2 dias de férias, precisando se higienizar como nunca por conta das sua perebas de atleta e nada de água.
desde às 8 da manhã sem água, podendo entrar noite adentro nesta situação.
sem contar que foi o dia do ano em que a pessoa quis colocar em dia as atividades domésticas e agora tem louça e mais louça entupindo a pia.
ligo lá na corsan. peço pela previsão da volta da água.
não, há previsão.
peço se vou ter algum desconto na conta. o cara me diz: claro que não senhora, é um imprevisto.
ah, mas quando eu tenho um imprevisto e pago a conta com atraso eu pago multa, sabia senhor? ninguém quer saber dos meus motivos. os meus motivos sempre viram multa.
pois é senhora, a situação tá tão séria que mandamos 2 caminhões de água para os detentos. (juro, juro que ouvi isto. a gente liga para ter uma previsão e se acalmar e ainda escuta isto!)
senhor, mas que legal. eu já me comovia taaanto com as manhãs domingo sem água para as manutenções, para evitar problemas para as empresas e literalmente deixar os trabalhadores suando... e agora mais esta: primeiro os ladrões!
vou desligar, já que não posso tomar banho vou ficar tomando naquele lugar enquanto vocês providenciam água para quem não paga o salário de vocês.

da vida de quase atleta

Como me enchi de alergias na piscina, parti para academia. 200 abdominais, 4 aparelhos para a postura das costas e mais 1 hora de esteira. Agora progredi: a cada 5 min na esteira corro 1 min. É na hora da corrida que vejo o quanto ainda tenho que melhorar, pois tudo balança bastante, bastante mesmo. Eu e o padre da paróquia somos os mais assíduos. Como eu tenho que fazer alguma coisa para passar o tempo, ou eu penso em textos que gostaria de escrever ou eu cuido da vida do Padre. Ele quer ficar bombado, quase morre levantando mais quilos do que ele pesa. Ele é meio gurizinho e cuida da vida dos fiéis, até vai perguntar porque não foram à missa. Os fiéis por sua vez paqueram. E os instrutores incomodam todo mundo. Inclusive eu que não tenho paciência para alongar. No fundo, como tudo na vida, é um circo. Tem uma menina linda que faz esteira de manta. Sua e não tira a manta. Sempre na pose. Suar com pose não é para qualquer um. Deus me livre mais uma manta para balançar.

E agora, como na vida nem tudo são flores, me apareceram umas bolinhas na perereca.
Acho que é muito suador e calça justa de ginástica.
Passei 5 dias terríveis morrendo de frio com calça de abrigo bem solta cheia de ar frio entrando pelos tornozelos.
E pomadinhas.
A ginecologista pelo plano de saúde só tem hora para setembro. Disse para a secretária que até lá eu não tenho mais perereca e nem marido. Ela disse que eu podia pagar a consulta. Eu disse que já pagava plano para não pagar consulta. Ela disse que não podia fazer nada. Nem eu, o que faz uma mulher de perereca capenga? Daí, marquei um clínico geral pelo plano e se a consulta não for satisfatória vou lá pagar a consulta particular na ginecologista. Pagar imposto, plano e consulta particular...

por mais que a gente corra, não há como fugir!

domingo, 24 de julho de 2011

da série: vida de academia

eu, feliz com meu progresso na esteira: a cada 5 minutos corro 1.
ela, do meu lado, de manta, caminhando muito de vagar na esteira.
meu olho não me obedece e começa a olhar, olhar e olhar.
ela solta:
- não posso me esforçar muito, meu namorado diz que eu tô no ponto.
eu, no ponto de polenta mole continuo me esforçando bastante.

terça-feira, 17 de maio de 2011

lá do programa Café Filosófico

então, no meio de tanta coisa, o psiquiatra diz que crianças e adultos estão em extinção. que agora todo mundo é adolescente. desde a menina de 3 anos que usa salto e batom ao adulto de 35 anos que não sai da casa da mãe.

eu tava na cama, mais dormindo do que acordada, mas depois eu custei a dormir.
é tão triste quando os absurdos são atuais.
diferente do lulu santos, eu não vejo a vida melhor no futuro.

crescer dói, mas a gente acostuma. e nem morre.
palavra de adulta, cansada de tanto adolescente.

sábado, 7 de maio de 2011

fases?

ando tão preguiçosa pra vida doméstica que no Dia das Mães eu não vou fazer um almoço para a minha mãe, vou é comer a comida dela.
a comida da minha mãe sempre é tudo aquilo. (e a minha mãe tbm!)

por outro lado eu ando levando bem a sério as atividades físicas.
juro.
academia, natação, caminhadas na rua. às vezes mais de uma vez por dia.
os ponteiros da balança não correspondem como eu esperava porque a boca também não se disciplina como deveria.
mas, pordeus, eu já não acredito mais tanto assim num futuro esplendoroso para a minha bunda e meus demais músculos.

acho que é uma forma de me sentir viva.

agora eu escuto música assistindo a vídeos no YouTube, se eu fosse criança o pediatra diria que é uma fase. que estou evoluindo e aprendendo. na minha idade, eu não sei. e não, não vou ao psiquiatra pra saber.
a quem interessar possa eu olho e assisto: Adriana Calcanhoto, Renato Russo, Engenheiros do Hawaii (todo mundo fala tão mal, mas eu adoro os paradoxos que ele alcança nas letras), Chico Buarque - muito e muito - (tá certo que ele anda falando umas merdas, mas as músicas...) e Martinho da Vila (um sambinha alivia qualquer rotina).

para a minha mãe

para mim, ter a mãe que eu tenho, é mais ou menos como ter um passaporte de vinda, eu sempre posso ir, pois sempre tenho para onde voltar...
bj mãe!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Legalização das drogas?

Legalização das drogas?

De verdade mesmo, eu preferia o que me custasse menos, seja lá o que isto for.

Fui eu que paguei as grades lá de casa.
Foi do meu varal que roubaram as roupas.
Provavelmente gente desesperada por crack.

É do meu imposto que se tira grana para pagar tratamento para esta gente.
Para fazer programas de prevenção.
Para pagar policiamento em áreas de tráfico.

Eu não bebo, não fumo e não uso drogas.
Mas, faço a burrice de pagar por tudo várias vezes, e sem opção:
- Pago IPVA e pedágio e ando por estas estradas em péssimo estado.
- Pago imposto sobre imposto e pago plano de saúde particular, pois as filas do SUS a saúde não suporta.
- Pago o tal do seguro obrigatório do carro (que não serve para nada) e mais um particular, pois a gente precisa de um seguro que sirva para alguma coisa.
- Pago a previdência e junto um dinheiro, pois ninguém nunca sabe dizer como a coisa ficará.
- Com os meus impostos foi pago a votação sobre o desarmamento, e agora será feito tudo outra vez - e que eu vou pagar também, DE NOVO. (O Estado não me dá segurança e quer me proibir de ter uma arma?)
- Sem contar que dos meus impostos também sai o salário dos presidiários. Sim, eu aqui ralando e tem gente ganhando para estar presa.

Legalização das drogas?
Não sei, me preocupa mais o meu dinheiro posto fora.

Sou mais favorável à legalização ao respeito dos impostos que eu pago.

suando

então, eis que o moço da academia me fala sobre o resultado do meu teste físico.
daquelas pinçadas nas banhas.
segundo ele, tudo dentro da normalidade, do saudável. podendo até engordar um tanto.
fulmino ele com os olhos e lasco: não abro mão de perder 5 kgs.
ele com aquele papo furado de "uma questão particular tua, de estética..."
sim, uma questão minha e do resto de toda a humanidade.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

um país distante... chamado Academia

a criatura não lembrava que exista coisa mais deprimente do que se olhar pelada no espelho no inverno (com mais quilos, menos cor e mais pêlos).
mas, eis que a moça da academia sem dó nem piedade mede a gente de cima abaixo com aquela maldita pinça que mede gordura.

depois, ainda vem com aquele papo: o que vamos priorizar? fortalecer os músculos, definir a barriga e ...

olha, eu só disponho de uma por dia e meu único verbo em questão é perder. perder. pode ser até perda de músculos se diminuir peso e medidas. vai ser meia hora de esteira, vinte minutos de bike e 5 minutos daquela coisa que eu não sei o nome e que mata a gente de tanto fazer força nas coxas...

a moça não disse quase nada, mas me ensinou os alongamentos que é pra fazer no início e no final. os do final eu já decidir matar.
mas, vou fazer uns abdominais extras que força de vontade de principiante tem que se aproveitada.

terça-feira, 26 de abril de 2011

alívio: ela voltou e deu tudo certo!

acredito que tem gente quem ache ela brava, tem gente que poderia matá-la, mas tem gente que acha ela o máximo.
eu acho que ela é do tamanho da sua sensibilidade, enorme.
às vezes ela não dorme.
às vezes perde a fome.
outras se alimenta de verde e arte.
tem asas e atira umas pedras.
tantas vezes ela grita o que me sufoca, sem nem saber.

ela estará uns dias correndo por hospitais, querendo que a dor fosse dela.
a menina ainda cabe em seus braços.
o amor não é só um braço que abraça, também é um braço que nos corta as pernas quando precisamos correr.

ela vai até lá, viver o que ninguém pode contar.
volta quebrada, mas inteira.
ela é também os seus.

queria dizer uma coisa antes de ela ir.
mas, ela é além das palavras. e sempre está lá antes da hora, além do tempo.

os braços dela ainda hão de escrever histórias desta menina que irá crescer além dos seus braços.

o motivo de sempre

então, o meu corpo não pode mais com todas as químicas da piscina.
e preciso de atividade física.
(imagina, já não tenho paciência pra unha, cabelo e maquiagem. pra roupas eu não tenho muito jeito. eu preciso me puxar em alguma coisa antes de desistir de vez e virar um bicho ou comprar uma cadeira de balanço.)

fui lá me matricular na academia. (todas as minhas experiências em academia foram relâmpagos - por motivos óbvios...)
enquanto o moço falava eu espiava as bundas das meninas da academia.
às vezes eu pensava que elas são feitas de uma material bem supeior do que este que me compõe. às vezes eu tinha medo até de imaginar tudo que elas fazem para chegar lá (naquele estágio da bunda sem nehuma celulite). sai de lá perdida. mas, eu volto. 5kg sempre é uma motivação.

amém

eu gosto de livros.
eu compro livros que eu já li e gostei só para tê-los por perto.
eu releio com a emoção de quem inaugura.
tem trechos que eu poderia vestir.
e tem trechos que me pelam.

um dia eu vou crescer e vou parar de emprestar os meus livros para quem eu não deveria.
não sei, vai ver que acredito naquilo do livro ser um bem universal.
eu fico achando que a literatura pode alivar qualquer tragédia e oxigenar qualquer rotina.
eu empresto, eu tenho vergonha de pedir de volta, eles não voltam, eu esqueço quem levou.
pra variar: eu levo a pior.

mas, como todo mundo que leva a pior, se deus quiser (minha mãe diz que ele sempre quer) eu vou aprender. eu vou. amém.

...

eu não tive câncer, ainda tenho pai e mãe, as minhas contas estão em dia, ainda me sobra grana no fim do mês, mas o meu fim do mundo sempre chega. eu não gosto da comida que eu faço e mesmo assim prefiro almoçar em casa. eu escrevo porque não ouso gritar. eu caminho pelas ruas e não vejo as pessoas. acho que estou a salvo de um tsunami e de uma tuberculose. mas, eu me desmancho por coisas que as pessoas não enxergam. me dói a criança que atravessa sozinha e na sorte uma avenida. me dói o chinelo de dedo do homem que passa por mim num dia frio. me perturba tantas pessoas engessadas em suas bobagens fúteis. me consome a corrupção que a TV noticia. as pessoas que vivem do lixo. me faz chorar a música do rádio. me faz rir o provérbio do pára-choque do caminhão. me atropelam estes adolescentes que se fazem de adultos e estes adultos que não crescem. a minha mãe reza por mim e eu acredito mais nela que em deus - ela xinga e eu acho graça. tanta gente se fotografa sem parar e eu ainda me assusto com o espelho. tanta gente corre e ainda não decidi aonde eu quero chegar. às vezes eu tenho pena de mim mesma e tenho vergonha de dizer.

talvez a trilha sonora seria "Deus lhe pague":

Deus Lhe Pague /Chico Buarque

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer, e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague

Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí"
Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir
Um crime pra comentar e um samba pra distrair
Deus lhe pague

Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui
O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir
Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi
Deus lhe pague

Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
Deus lhe pague

Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir
Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir
E pelo grito demente que nos ajuda a fugir
Deus lhe pague

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague

quinta-feira, 7 de abril de 2011

"meu mundo tá fechado pra visitação"

eu ando escrevendo em papel.
é mais concreto e eu fico mais ao alcance das minhas próprias mãos que nunca sabem o que fazer de mim mesma.

Frutos
"Achava belo, a essa época, ouvir um poeta dizer que escrevia pela mesma razão porque uma árvore dá frutos. Só bem mais tarde viera a descobrir ser um embuste aquela afetação: que o homem, por força, distinguia-se das árvores, e tinha de saber a razão de seus frutos, cabendo-lhe escolher os que haveria de dar, além de investigar a quem se destinavam, nem sempre oferecendo-os maduros, e sim podres, e até envenenados." (Osman Lins - "Guerra Sem Testemunhas").

sim, é verdade.
e eu que às vezes usava o blog para "mandar recados" pra gente que se quer me lia...

mas, eu volto.
claro que volto.
sei fugir pela palavra, mas não dela.

sexta-feira, 18 de março de 2011

falta de vocação doméstica

eu sou daquelas que acha que a melhor comida é aquela que dá menos louça.
aquela que odeia mercado.
aquela sem vocação para a vida doméstica.

acho que é herança do meu avó.
uma vez ele passou uma temporada sozinho em casa e quando todas as louças sujaram ele começou a comprar outras.
me contou entusiasmado que tinha comprado uma xícara enorme e com duas alças, na verdade era um açucareiro! (meu avô era um doce e paradoxalmente era diabético!)

aprender

até começar a dar aulas na APAE, eu achava que sabia sobre a aprendizagem.
mas, com as minhas crianças estou aprendendo o mais importante, desaprender para aprender. desconstruir para ampliar.
e não são pilares, são asas.

têm crianças que ainda não sabem ao certo para que servem as letras, mas as aprendem (entre outras coisas) para me fazer mais feliz...

dia destes comentei de novo com a minha mãe da minha quase incapacidade de xingar ou chamar atenção pra valer destas crianças.
minha perguntou se eu sentia pena deles.
só se for pena de mim, quase sempre eles estão mais certos do que eu.

a menina dos cabelos vermelhos

no meio da conversa ela me contou que vai embora de novo.
a menina do lado arregalou os olhos e lascou: mas, tu vais deixar a escola? tu tens mesmo vontade de ir?
eu tentei engolir a alma para os olhos não transbordarem.
mais que depressa ela foi dizendo que não, que preferia não ir.
a menina curiosa, foi achando uma saída: chora até morrer que tu não precisa ir. eu faço assim e dá certo.
a menina dos cabelos de fogo nos olhou com um olhar de quase morte.
eu ia dar um jeito de fugir, mas o sinal tocou e todo mundo saiu correndo.
mas, correndo pra dentro de mim, que sempre gosto tanto daqueles nos quais a vida dá um nó. e não, ela merecia um lanço de fita naqueles cabelos mais lindos do mundo e não um nó.
então eu escrevo, mas o nó não desasta.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

carnaval

eu não sou fã de carnaval.
mas, tenho que registrar que pra mim as mulatas são algo.
1 - ter um corpo daqueles com certeza é uma odisséia.
2 - sambar daquele jeito de pés descalço já é complicado, em cima daquelas botas de salto tão alto é inexplicável. mais incompreensível ainda é que além das botas ainda tem aquele treco na cabeça que pesa um monte e mais aquelas lantejoulas (nas calcinhas fio dental) enfiadas na bunda.
3 - aí eu penso em tudo isto, adiciono o calor do Rio e mais o fato delas sorrirem o tempo todo e tenho que me convencer que elas são sobrenaturais.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

não sou fã de frases de efeito, mas...

“O homem é um deus quando sonha e não passa de um mendigo quando pensa”.
Ernesto Sabato