sexta-feira, 15 de outubro de 2010

ao meu redor

ela me falando sem parar da importância do filtro solar em dias de chuva.
na primavera, é só nos dias de chuva que eu respiro em paz e ela acredita que eu vou lembrar do filtro. ela acredita.
aliás, eu olho para os lados e me sinto folheando a revista caras: todo mundo com as unhas feitas, cada fio de cabelo no lugar, aquele salto que me faz doer o pé só de olhar, o lápis no olho, a roupa desconfortável da moda. os brincos pesando nas orelhas.
aquela agonia muda de todas as bundas sem celulite.
estes dias vi um rímel que custava 200,00 reais. será que uma moldura destas melhora a paisagem? será que quem usa um troço destes é uma paisagem?
o pouco tempo que me sobra eu uso na piscina, na internet, no meu novo seriado, na louça que dá cria na minha pia, nas caminhadas, nas músicas, nos trechos da Clarice Lispector.
mas, eu juro que eu queria ter este anônimo. esta disposição.`
eu sempre tive medo de gente que parece de revista e sempre me apaixonei pelo personagem do livro. mas, preciso confessar: os personagens dos livros só estão nos livros e eu ando assustada.

ele levao os pés-de-pato para nadar e não usa. não se ilude. eu alimento as minhas esperanças a pão-de-ló. já são tão parcas.

Nenhum comentário: