1. é natural que utilizemos obras de arte para o exercício de nossadesconfiança. cultivar suspeitas pode nos salvar das verdades.
2. não se deixe enganar por tentativas de explicação de obras dearte; na maioria dos casos elas são desmentidas pelas obras mesmas.
3. não confie na autonomia "soberana" das obras de arte, pois elasdependem do desconhecido que as tornou possíveis.
4. acredite nas dúvidas, especialmente naquelas sugeridas pelasobras; algumas delas são necessárias para a superação de nosssaslimitações.
5. procure ver somente o necessário. a quantidade indiscriminada dascoisas visíveis pode reduzir em muito a qualidade das experiências.
6. não espere ver o que esperava antes de conhecer. só as obras dearte de qualidade duvidosa atendem a esta expectativa.
7. não confie em artistas que parecem querer chamar a atenção comartimanhas e "técnicas mirabolantes". estes bajuladores de públicoestão interessados apenas em mídia.
8. se um objeto artístico não parece ser arte, não o discrimineautomaticamente. só falsificadores estão preocupados em fazer algoque se "pareça com arte". artistas, por outro lado, se preocupam emfazer apenas o que deve ser feito.
9. considere sobretudo o "teor de evidência" de um objeto. por maiscompleta que uma obra de arte possa parecer, elas será sempreinsuficiente em relação àquilo que desconhecemos. se for uma obra-prima, superará até mesmo o desconhecido.
10. a espontaneidade não é um valor. é uma partida ou uma chegada. asimplicidade ou a complexidade ocorrerão apesar dela.
11. não pergunte o que os artistas que
rem dizer com suas obras.pergunte às obras. ou encontre a satisfação nos riscos que estimulam sua curiosidade.
12. a transcendência e o sorriso são invenções humanas. um outro ladodo ar é a contribuição dos artistas.
Autoria: waltercio caldas. 6ª bienal do mercosul.
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