sexta-feira, 10 de outubro de 2008

mais um texo que me lê...

às vezes, um texto lê a gente a ponto de causar medo...

lá do blog: http://ameaventurar.blogspot.com/

Did I mean to be mean?

Eu sei, eu sei…. Eu posso ser cruel às vezes. Mesmo que raramente, em situações extremas, quando a minha paciência maior do mundo não deu conta de acompanhar mais, quando a minha imensa tolerância se esgota, quando a minha compreensão quase absoluta me abandona... nessa hora eu sou cruel. De uma forma que nem reconheço, que nem percebo, que nem controlo. Não consigo controlar. Eu que prezo sempre pela justiça, nessa hora não sou justa. Nem boa, nem generosa, nem nenhuma outra qualidade que me seja inerente em outros momentos. Nos meus momentos de esgotamento eu digo coisas que nunca pensei que fosse dizer, uso palavras que não seria capaz de usar, machuco de uma forma que nunca, nunca seria capaz de machucar. E eu não tenho justificativas plausíveis pra isso. E nem acho que tô no meu direito, e nem tento me explicar. Mas é isso que eu sou.Às vezes eu sou cruel só por esporte também. Só pra dar o troco, pra mostrar que posso não ser flor que se cheire se quiser, pra provar (até pra mim) que posso, que consigo. Que sou minha, só minha, e não de quem quiser. Pra me auto-afirmar mesmo. É claro que eu não acho isso bonito. Mas acho isso humano.O fato é que em alguns momentos, e principalmente nesse lugar aqui, eu me despejo, eu me entorno, eu transbordo. De tudo que me preencha, que me encha, que me sufoque, que me atrapalhe os movimentos. Despejo nessa mal traçadas linhas os meus potes de mágoas e revoltas, de alegrias e euforias, de incertezas e vazios. Simplesmente porque essa é a minha terapia. E por me entregar assim sem reservas e freios, sem filtros e pudores, eu às vezes sou direta demais. Curta e grossa demais. Na exata medida em que não consigo ser na vida real, em sentido oposto. Eu não te digo, mas te escrevo. Eu não me declaro, não te olho com paixão, não te digo o que me atrai, o que me envolve, o que me conquista. Eu te escrevo uma carta de amor e coloco aqui, jogo na rede, jogo no universo. E tá feito. Do mesmo modo como eu não brigo, não discuto, não te bato na cara quando essa é a maior vontade.... mas venho aqui e te produzo o maior dos tapas na cara, literário. E no momento em que o faço, nem me importa se você merece ou não apanhar. Me importa que eu preciso bater, que eu preciso me livrar do fantasma. E eu o faço.Depois que volto e me leio, depois que alguém me diz algo, me desarma às vezes com uma única frase, eu vejo que ok, a limpeza foi feita, mas justa eu não fui. Aí posso sopesar tudo de novo, rever os pontos de vista, olhar com novos olhos. Perdoar a mim, ao outro, à vida. Dissipar os nós e os azedos que me habitavam. Às vezes eu olho e penso que exagerei sim, que foi forte demais mesmo, que não foi merecido não. E aí penso que “ôrra, pelo menos eu não bati de verdade”Acho que o que eu quero dizer é..... não é sua culpa. Não mesmo. Talvez não seja minha também, mas sua eu tenho certeza que não é. E você nunca vai ler nada disso, nem vai intuir nada disso, nem vai perceber. Convenhamos, você não é tão perspicaz assim, nem imagina que eu o seja. Mas ainda assim, eu sei, é claro que sei, que você não merece uma pessoa tão pouco pura e tão capaz de ser cruel quanto eu sou, quanto eu posso ser.

Um comentário:

Ventura disse...

Sabe que uma das coisas que mais me satisfazem nesse mundo de blogs e leituras mútuas é quando alguém que eu gosto se identifica com algo meu. Aquele seu post do aniversário de casamento dos seus pais, aquela sua frase "já tomei banho pra tanta gente que nem sabe que eu existo"... Nossa, eu já repeti essa frase tantas vezes depois de ler o post, eu já contei essa história pra tanta gente....

E gosto muito de tudo por aqui. Tudo mesmo. Enfim, a reciprocidade é sempre boa. Que continue assim, né?

beijo, querida!