sexta-feira, 14 de maio de 2010

extratos II

Tem um menino que perdeu a mãe no fim do ano passado.
Quando ele vem à biblioteca com a gola torta, os cadarços mal enfiados nos buraquinhos do tênis eu me reparto em mil.
E o olho dele sempre tem uma tristeza funda. Tão funda quem nem um olho de vidro iria driblar.
De tanto não saber para onde olhar.
De tanto doer sem curativo.
De tanto eu saber dele sem ele saber que eu sei.
Agora eu contrabandeio/sequestro/furo fila com todos os livros mais procurados pela turma dele. Todos sempre estão na vez dele. Eu invento. Me perco. Alguns até xingam. Mas de vez em quando ele sorri pra mim.
Eu faço as minhas pequenezas para a grandeza da vida não me matar.

Um comentário:

geheimnis disse...

é triste querer ajudar sem saber como. há dias em que toda a tristeza do mundo cabe em mim.