segunda-feira, 23 de abril de 2012
das crenças
ela se esforçou tanto para acreditar nas palavras dele e abortar o que seus olhos viam que desacreditou de si mesma.
terça-feira, 17 de abril de 2012
vida barata
tão difícil pra mim a vida doméstica: o mercado, as filas, as comidas tão orgânicas sempre sendo mais rápidas do que eu, as roupas, a senhora que me ajuda a limpar a casa - tão intrusa e tão heróica - , o pó, o despertador, o microondas que explode as comidas. o cachorro de verdade que eu quero comprar.
e agora o veneno errado para as baratas que fazem elas morrerem se cagando.
o casaco azul claro que eu comprei pela internet achando que era branco. não sei o que se faz com um casaco azul claro. sou mais alemoa e mais desbotada ainda com um casaco azul claro. e é novo. e custou. e tem gente que passa frio. e eu tentando. tentando tantas coisas. e paciência indo pelo ralo.
agora, em cada barata eu relembro as visitas ao meu tio no asilo: eu também posso morrer me cagando sem dar a mínima para a cor do casaco. sem veneno?
eu caminho uma hora na esteira todos os dias contra o meu imc. e às vezes mastigo o ganho gerando a perda.
as ideias me mastigam tanto que nenhum casaco consegue me proteger de mim mesma. eu escrevo para quem eu nunca vi porque tanta gente que eu vejo esmaga tudo nas entrelinhas e é ali - tantas vezes só ali - que eu busco ar.
tão difícil pra mim a vida doméstica: o mercado, as filas, as comidas tão orgânicas sempre sendo mais rápidas do que eu, as roupas, a senhora que me ajuda a limpar a casa - tão intrusa e tão heróica - , o pó, o despertador, o microondas que explode as comidas. o cachorro de verdade que eu quero comprar.
e agora o veneno errado para as baratas que fazem elas morrerem se cagando.
o casaco azul claro que eu comprei pela internet achando que era branco. não sei o que se faz com um casaco azul claro. sou mais alemoa e mais desbotada ainda com um casaco azul claro. e é novo. e custou. e tem gente que passa frio. e eu tentando. tentando tantas coisas. e paciência indo pelo ralo.
agora, em cada barata eu relembro as visitas ao meu tio no asilo: eu também posso morrer me cagando sem dar a mínima para a cor do casaco. sem veneno?
eu caminho uma hora na esteira todos os dias contra o meu imc. e às vezes mastigo o ganho gerando a perda.
as ideias me mastigam tanto que nenhum casaco consegue me proteger de mim mesma. eu escrevo para quem eu nunca vi porque tanta gente que eu vejo esmaga tudo nas entrelinhas e é ali - tantas vezes só ali - que eu busco ar.
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