quinta-feira, 22 de novembro de 2007

o filme é lindo e a resenha tbm

a resenha é do cris, que escreve aqui.

Através das oliveiras
Abbas Kiarostami

Muito mais que um click. A câmera começa a filmar e já traz uma grande profundidade nos olhares. Talvez não seja um filme fácil para nós ocidentais. Mas é justamente o que o diferencia que lhe dá valor.
É um outro ritmo. Outra velocidade. Não a nossa vertigem de correr e atropelar. As coisas andam. Mas não como estamos acostumados.
E a temática é tão simples. Nada de histórias mirabolantes onde Deus desce do céu para falar diretamente com alguém, ou alguém que passa a controlar a vida através de alguns botões, viagens no tempo ou bombas atômicas. É uma história sobre vidas simples, sobre amor e temores, a morte, o dia-a-dia e, talvez, sobre Deus falando com nós, mas sem dar as caras, através de sutilezas. É uma história sobre lindas paisagens, discriminação e igualdade.
E também uma história sobre cinema.

É também, um jogo de paciência para aqueles que curtem filmes de ação. Um desafio: assista e não durma, porque nenhum prédio vai cair. Nenhum carro vai ser destruído. A destruição foi antes. O terremoto já passou. Isso, é o que vem depois. É o que acontece quando hollywood pára de filmar. Quando os heróis vão embora, ou no caso, nem chegaram.


(aqui eu conto o fim)
O fim... bom... aí é que reside toda uma outra diferença. Não é fácil. Ou, pelo contrário, é muito mais fácil. Talvez não tão aceitável.
Diferentemente de muitos filmes hollywoodianos em que depois de 5 minutos já se sabe o final (talvez não se saiba como chegará lá, mas já sabe-se o que vai acontecer), o final fica em aberto até depois do fim. Não é uma forma muito familiar ao cinema americano que é a nossa referência básica. O filme acaba, e não temos exata certeza de como acaba. Talvez porque esteja muito mais relacionado com a vida de verdade, essa que vivemos, e que não acaba depois de uma hora e meia ou duas de projeção. Talvez porque o fim é você quem faz. Talvez porque, nesse caso fosse doído descobrir que ela não gosta mesmo dele e que depois de tanta insistência a repsosta continuaria sendo o silêncio. Sim, porque se ela dissesse não, ao menos ele teria uma resposta. Ou talvez... acrescente aqui o que você quiser. Vale o que a sua imaginação mandar. E aqui reside uma dificuldade. Esse final aberto causa uma inquietação. Estamos tão acostumados a ter um fim. Um final geralmente feliz (mas ultimamente esta não é mais a regra, ainda bem). E esta falta nos causa um grande incômodo porque transfere-nos a responsabilidade de dar um destino àquele amor.
Bom, digo que o final fica em aberto, mas para mim ele é claro. Não e pronto. Ela teve todo filme para dizer sim, e não disse. E mostrou-se irredutível em sua decisão, não seria uma última caminhada que mudaria isso. Ou seria? Talvez longe das câmeras ela aceitasse casar com ele. É, pensando bem, é uma possibilidade.

Um comentário:

Sérgio Baccaro Júnior disse...

Sou parceiro! Vamos organizar um bolão?