sábado, 29 de março de 2008
sexta-feira, 28 de março de 2008
de bota amarela e japona vermelha
quando eu era pequena as mães compravam botas de borracha pra gente usar em dia de chuva.
era chique ter bota de borracha.
além de eu ter uma bota de borracha amarela eu tinha uma japona vermelha (sim, se chamava "japona" e cada criança tinha uma que deveria durar mais de um ano...)
e toda quarta-feira eu fazia catequese com a dona inácia e ela me fazia acreditar que naquela época eu já pecava.
toda quarta-feira chovia.
quarta-feira eu me atrasava para chegar em casa porque eu ficava com os pés enfiados junto ao cordão da calçada vendo as águas passarem sobre as botas com todas as suas folhinhas e demais miudezas.
meu irmão chegava em casa na hora certa, mas esquecia o guarda-chuva com a mesma pontualidade. os anjos da paróquia o consumiam todas as semanas. não falhava uma chuva.
à minha mãe, só restava rezar para não chover nas quartas.
mas, os pecados da dona inácia podiam mais que as rezas da minha mãe.
era chique ter bota de borracha.
além de eu ter uma bota de borracha amarela eu tinha uma japona vermelha (sim, se chamava "japona" e cada criança tinha uma que deveria durar mais de um ano...)
e toda quarta-feira eu fazia catequese com a dona inácia e ela me fazia acreditar que naquela época eu já pecava.
toda quarta-feira chovia.
quarta-feira eu me atrasava para chegar em casa porque eu ficava com os pés enfiados junto ao cordão da calçada vendo as águas passarem sobre as botas com todas as suas folhinhas e demais miudezas.
meu irmão chegava em casa na hora certa, mas esquecia o guarda-chuva com a mesma pontualidade. os anjos da paróquia o consumiam todas as semanas. não falhava uma chuva.
à minha mãe, só restava rezar para não chover nas quartas.
mas, os pecados da dona inácia podiam mais que as rezas da minha mãe.
burrice bonita
"Lembro dessa burrice bonita de que é feita a última esperança. Eu me lembro de insistir em não acreditar no que meus olhos gritavam para eu ver. " (do blog da Cris Guerra)
eu tbm me lembro.
eu me lembro também da dor do meu raciocínio vencendo as minhas vontades.
dos passos do meu cérebro pisoteando os meus sonhos.
das constatações gritando tão alto.
a hora da dor sempre é a hora da consciência.
e a cosnciência é um caminho sem volta.
e para dor dela não há analgésico.
eu tbm me lembro.
eu me lembro também da dor do meu raciocínio vencendo as minhas vontades.
dos passos do meu cérebro pisoteando os meus sonhos.
das constatações gritando tão alto.
a hora da dor sempre é a hora da consciência.
e a cosnciência é um caminho sem volta.
e para dor dela não há analgésico.
quinta-feira, 27 de março de 2008
mãe
além de eu não saber cozinhar eu como na panela pra não precisar lavar o prato.
além de eu saber pouco de música eu faço aquilo que irrita até os mais amáveis: eu escuto vááárias vezes a mesma música.
além de ter miopia eu enxergo coisas que os outros não acreditam.
além eu não conseguir acreditar, eu sou tragada pelos cheiros.
além de eu não ser ecológica, eu sou viciada em suco de pacote dietético.
mas, amanhã vai chover e a minha mãe vai me esperar para almoçar.
mesmo que eu não tenha muita paciência, a minha mãe sempre me espera.
mesmo que todas as minhas vaidades se foram, ela me penteia cada vez que saio da casa dela.
mesmo que eu não acredito em nada, ela reza por mim.
mesmo sabendo que eu não tenho mais jeito, ela tem o jeito que eu preciso.
além de eu saber pouco de música eu faço aquilo que irrita até os mais amáveis: eu escuto vááárias vezes a mesma música.
além de ter miopia eu enxergo coisas que os outros não acreditam.
além eu não conseguir acreditar, eu sou tragada pelos cheiros.
além de eu não ser ecológica, eu sou viciada em suco de pacote dietético.
mas, amanhã vai chover e a minha mãe vai me esperar para almoçar.
mesmo que eu não tenha muita paciência, a minha mãe sempre me espera.
mesmo que todas as minhas vaidades se foram, ela me penteia cada vez que saio da casa dela.
mesmo que eu não acredito em nada, ela reza por mim.
mesmo sabendo que eu não tenho mais jeito, ela tem o jeito que eu preciso.
lendo
porque às vezes,
às vezes.
aparecem umas letras que me tragam.
e não é clarice.
não é caio.
não é um acorde de renato russo.
são umas amosferas que eu preciso respirar.
tão úncio quando as letras desenham atmosferas e não ações.
tão único quando há margem e entrelinhas pra eu (re)experimentar as asas desacostumadas ao vôo.
um livro que não absolve meus pecados: absorve-os...
às vezes.
aparecem umas letras que me tragam.
e não é clarice.
não é caio.
não é um acorde de renato russo.
são umas amosferas que eu preciso respirar.
tão úncio quando as letras desenham atmosferas e não ações.
tão único quando há margem e entrelinhas pra eu (re)experimentar as asas desacostumadas ao vôo.
um livro que não absolve meus pecados: absorve-os...
domingo, 23 de março de 2008
o medo de temer
as pessoas têm medo de ter medo.
confessam um medo como uma vergonha.
os medos nos tornam mais humanos.
neles ganhamos colo.
neles somos nós em encontro com quem podemos contar.
eu tenho medo de multidão. de estouro de foguete. de inseto. de caminhar no escuro. de choque. de panela de pressão. e de mim mesma.
confessam um medo como uma vergonha.
os medos nos tornam mais humanos.
neles ganhamos colo.
neles somos nós em encontro com quem podemos contar.
eu tenho medo de multidão. de estouro de foguete. de inseto. de caminhar no escuro. de choque. de panela de pressão. e de mim mesma.
a confusão da páscoa
vi um menino perguntar para o pai:
- mas como pode que Ele morreu por mim se eu não tinha nem nascido?
sem falar nas crianças que acham que coelho bota ovo.
e eu até hoje não entendi porque um ovo ou um coelho custam tããão mais caros que chocolate em barra ou bombons...
- mas como pode que Ele morreu por mim se eu não tinha nem nascido?
sem falar nas crianças que acham que coelho bota ovo.
e eu até hoje não entendi porque um ovo ou um coelho custam tããão mais caros que chocolate em barra ou bombons...
domingo, 16 de março de 2008
"como disse o fósforo: a vida é fogo"
talvez a graça desgraça da vida seja a gente se deparar com coisas inimagináveis:
agora o papa inventou mais uns pecados...
agora o papa inventou mais uns pecados...
sábado, 15 de março de 2008
uniforme nas escolas
um aluno querendo entender porque as crianças não podem ficar sem uniforme na escola me perguntou se sem uniforme as pessoas não aprendem.
(de vez em quando, só bem de vez em quando - que eu não me permito ser tão maluca quanto eu gostaria - eu queria que determinadas pessoas viessem aprender com "as minhas" crianças na nossa sala de aula.)
"toda forma de conduta se transforma numa luta armada." (cantou Humberto)
(de vez em quando, só bem de vez em quando - que eu não me permito ser tão maluca quanto eu gostaria - eu queria que determinadas pessoas viessem aprender com "as minhas" crianças na nossa sala de aula.)
"toda forma de conduta se transforma numa luta armada." (cantou Humberto)
quarta-feira, 12 de março de 2008
dos olhos
faz tempo que eu deixei de acreditar.
faz tempo que eu perdi a fé na humanidade.
mas eu não sabia que poderia ficar pior ainda.
é, nos últimos dias eu voltei a acreditar em olho gordo... pode?!?
faz tempo que eu perdi a fé na humanidade.
mas eu não sabia que poderia ficar pior ainda.
é, nos últimos dias eu voltei a acreditar em olho gordo... pode?!?
sábado, 8 de março de 2008
dia da mulher
pra começar: se eu pudesse escolher eu teria nascido homem.
pra ter um meio: eu não acredito em MASCULINO e FEMININO separadamente.
pra concluir: das poucas coisas que eu tenho orgulho de ser, muiiitas foram "herança" dos homens que por mim passaram e ficaram.
pra ter um meio: eu não acredito em MASCULINO e FEMININO separadamente.
pra concluir: das poucas coisas que eu tenho orgulho de ser, muiiitas foram "herança" dos homens que por mim passaram e ficaram.
quinta-feira, 6 de março de 2008
em pé ou sentado?
não sei como chegamos ao assunto.
mas, umas quantas colegas me confidenciaram que ensinaram os maridos a mijarem sentados.
eu?
eu preferia que o meu me ensinasse a fazer em pé!
mas, umas quantas colegas me confidenciaram que ensinaram os maridos a mijarem sentados.
eu?
eu preferia que o meu me ensinasse a fazer em pé!
eu queria e não sei
eu queria saber andar de chinelo nestes dias quentes.
eu usei bota ortopédica durante tantos anos que eu passei da fase de aprender a andar de chinelo.
eu caminho e eles sempre chegam antes.
eles voam do meu pé.
meu pé não tem aquele jogo de cintura.
até o meu pé é duro que nem eu.
eu queria saber telefonar.
queria mesmo.
eu nunca sei o que dizer ao telefone.
eu sempre falo ao mesmo tempo que a outra pessoa.
eu sempre faço silêncio ao mesmo tempo que a outra pessoa.
mas a ausência de tantas vozes me habitam...
eu queria saber tomar chimarrão.
ocupar as mãos.
entrar na roda.
mas e aquele amargo todo?
e o pó da erva que me engasga?
e a água escaldante nestes dias idem?
eu usei bota ortopédica durante tantos anos que eu passei da fase de aprender a andar de chinelo.
eu caminho e eles sempre chegam antes.
eles voam do meu pé.
meu pé não tem aquele jogo de cintura.
até o meu pé é duro que nem eu.
eu queria saber telefonar.
queria mesmo.
eu nunca sei o que dizer ao telefone.
eu sempre falo ao mesmo tempo que a outra pessoa.
eu sempre faço silêncio ao mesmo tempo que a outra pessoa.
mas a ausência de tantas vozes me habitam...
eu queria saber tomar chimarrão.
ocupar as mãos.
entrar na roda.
mas e aquele amargo todo?
e o pó da erva que me engasga?
e a água escaldante nestes dias idem?
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