Oração de Clarice Lispector
Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença.Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala.Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços meu pecado de pensar.
*** Clarice é sempre Clarice, graçasazeus, Amém!
domingo, 31 de agosto de 2008
sábado, 30 de agosto de 2008
***
Quantidade de velas no teu último aniversário?
*** vela pra mim é quando falta luz, pode? (romântica, não?)
Tatuagens?
*** nem maquiagem da avon...
Já chorou por alguém?
*** faz tempo, agora eu desisti das pessoas.
Peixe ou carne?
*** desde que a louça não sobre pra mim, pode ser qualquer coisa.
Música preferida?
*** a voz de algumas pessoas e o silêncio de outras tantas, mpb e rock.
Metade cheio ou metade vazio?
*** já transbordou.
Filme preferido?
*** os que me traduzem, os sem ação e cheios de atmosferas.
Coca-Cola simples ou com gelo?
*** com gelo engorda menos.
Melhor amigo(a)?
*** eu já passei desta fase.
Quantas vezes você deixa tocar o telefone antes de atender?
*** todas, eu odeio telefone.
Melhor sentimento do mundo?
*** borboletas no estômago !!!
Se pudesse ser outra pessoa, quem seria?
*** atualmente, eu preferia ser um cachorro e nada saber deste mundo cão.
O que você tem debaixo da cama?
*** minha coleção de fantasmas.
Uma frase:
*** e cada perda inaugura uma multidão ( é uma frase minha!)
*** vela pra mim é quando falta luz, pode? (romântica, não?)
Tatuagens?
*** nem maquiagem da avon...
Já chorou por alguém?
*** faz tempo, agora eu desisti das pessoas.
Peixe ou carne?
*** desde que a louça não sobre pra mim, pode ser qualquer coisa.
Música preferida?
*** a voz de algumas pessoas e o silêncio de outras tantas, mpb e rock.
Metade cheio ou metade vazio?
*** já transbordou.
Filme preferido?
*** os que me traduzem, os sem ação e cheios de atmosferas.
Coca-Cola simples ou com gelo?
*** com gelo engorda menos.
Melhor amigo(a)?
*** eu já passei desta fase.
Quantas vezes você deixa tocar o telefone antes de atender?
*** todas, eu odeio telefone.
Melhor sentimento do mundo?
*** borboletas no estômago !!!
Se pudesse ser outra pessoa, quem seria?
*** atualmente, eu preferia ser um cachorro e nada saber deste mundo cão.
O que você tem debaixo da cama?
*** minha coleção de fantasmas.
Uma frase:
*** e cada perda inaugura uma multidão ( é uma frase minha!)
Bicho-papão
Na semana do folclore eu e meus alunos escutamos várias histórias de monstros, tudo com a luz apaga e nos dando ao direito de sentir todo o medo e toda a coragem que cada um se permitiu.
Como TODOS os meus alunos já viram (de perto!) o bicho papão, houve até discordância: ele é peludo ou cor de rosa? Tem três rabos ou um só? Para maior garantia de que todas as imaginações e memórias fossem preservadas, cada um desenhou o seu bicho-papão e fizemos uma exposição tenebrosa na sala de aula. Só faltou o meu bicho-papão, muito cobrado por algumas crianças. Infelizmente eu vou ficar devendo este tema a eles, eles ainda não precisam saber o quão bonitos (esteticamente) podem ser os bichos mais feios.
Como TODOS os meus alunos já viram (de perto!) o bicho papão, houve até discordância: ele é peludo ou cor de rosa? Tem três rabos ou um só? Para maior garantia de que todas as imaginações e memórias fossem preservadas, cada um desenhou o seu bicho-papão e fizemos uma exposição tenebrosa na sala de aula. Só faltou o meu bicho-papão, muito cobrado por algumas crianças. Infelizmente eu vou ficar devendo este tema a eles, eles ainda não precisam saber o quão bonitos (esteticamente) podem ser os bichos mais feios.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
contraponto
a feiúra dos candidatos exposta pela cidade X a beleza dos atletas que ainda estão aparecendo na TV.
motivo
eu assisto ao horário eleitoral, porque todos os políticos me dão certeza que é preciso anular todos os meus votos.
dos dias de muito vento ou temporal
eu gosto destes dias de vento.
estes dias em que o cabelo vira uma palha e todos os penteados se vão.
que as janelas batem sem parar.
que tudo sai voando.
que as folhas estão sempre dançando no ar ou no chão.
porque eu ouso tão pouco perder o controle,
que enxergar que quem comanda tudo ainda é o invisível da vida me dá uma leveza danada de boa.
sem falar que as condições do tempo não há político ou dinheiro que compre ou corrompa.
estes dias em que o cabelo vira uma palha e todos os penteados se vão.
que as janelas batem sem parar.
que tudo sai voando.
que as folhas estão sempre dançando no ar ou no chão.
porque eu ouso tão pouco perder o controle,
que enxergar que quem comanda tudo ainda é o invisível da vida me dá uma leveza danada de boa.
sem falar que as condições do tempo não há político ou dinheiro que compre ou corrompa.
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
mundo olímpico - o fim
então é isto:
os chineses ganham medalhas porque treinam tanto que são até mesmo separados de suas famílias. os atletas chineses são propriedade do governo.
os africanos de países pobres são os mais rápidos do mundo, porque precisam percorrer enormes distância a pé ou correndo para chegarem à escola.
um judoca brasileiro quase não participou porque não tinha grana para fazer o exame de mudança de faixa.
quando assisti ao encerramento escutei de uma comentarista (ex-atleta olímpica) que olimpíada é uma guerra sem armas.
só gostaria de saber por onde andou (pulou, nadou, correu ou saltou) o famoso espírito olímpico...
os chineses ganham medalhas porque treinam tanto que são até mesmo separados de suas famílias. os atletas chineses são propriedade do governo.
os africanos de países pobres são os mais rápidos do mundo, porque precisam percorrer enormes distância a pé ou correndo para chegarem à escola.
um judoca brasileiro quase não participou porque não tinha grana para fazer o exame de mudança de faixa.
quando assisti ao encerramento escutei de uma comentarista (ex-atleta olímpica) que olimpíada é uma guerra sem armas.
só gostaria de saber por onde andou (pulou, nadou, correu ou saltou) o famoso espírito olímpico...
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
vez em quando
minha mãe me contou que a minha irmã nem comendo está de tantas saudades do namorado que mora longe.
mas, logo emendou que pode ser bom, afinal perder uns quilos não lhe fará mal algum.
meu pai riu dizendo que a minha mãe nunca perde a capacidade de achar algo bom em todas as coisas.
eu contei - que alguém contou - que o avô está doente da cabeça, esqueceu de tudo.
e que freqüentemente paquera a sua mulher, esquecendo que eles já estão casados.
e que esta ao invés de ficar triste, está se sentindo amada.
vez em quando eu também tenho histórias bonitas pra contar, mesmo que elas não sejam minhas.
mas, logo emendou que pode ser bom, afinal perder uns quilos não lhe fará mal algum.
meu pai riu dizendo que a minha mãe nunca perde a capacidade de achar algo bom em todas as coisas.
eu contei - que alguém contou - que o avô está doente da cabeça, esqueceu de tudo.
e que freqüentemente paquera a sua mulher, esquecendo que eles já estão casados.
e que esta ao invés de ficar triste, está se sentindo amada.
vez em quando eu também tenho histórias bonitas pra contar, mesmo que elas não sejam minhas.
domingo, 17 de agosto de 2008
meu pai e minha mãe
ontem meu pai ligou convidando pra almoçar fora.
eu ia comprar um frango de máquina e ter comida pra requentar no micro durante a semana toda, porque a minha preguiça doméstica é tudo aquilo que imaginação nenhuma alcança.
mas, ele disse: vamos sim, amanhã faz 40 anos (anos!) que eu conheci a tua mãe.
topei na hora.
meu pai, segundo eu: (que vi nas fotos) era um alemãozinho lindo.
meu pai segundo a minha mãe: era um alemãozinho rico que tinha grana para tomar grapette todos os dias na hora do recreio.
meu pai segundo meu pai: era um encalhado, só as tias (as mulheres mais velhas) tiravam ele pra dançar.
minha mãe segundo meu pai: uma morena linda que estava sempre na moda - ela ainda se mantêm linda e na moda - (meu avô era caminhoneiro e viajava pra são paulo e além disto a minha avó era dona de boutique...)
bom, meu pai conheceu minha mãe há 40 anos quando ela estava entrando para um baile (que ele não pretendia ir), apenas estava passando na frente da festa.
mas, de repente ele viu ela entrando.
então, ele foi pra casa, tomou banho, colocou a melhor roupa, lambeu os cabelos, e foi atrás da mulher da vida dele.
até hoje a festa dele é encontrar a minha mãe.
eu?
eu já tomei tanto banho pra gente que nem sabe que eu existo.
mas, hoje eu coloquei a minha melhor roupa também e fui atrás deles, as pessoas mais importantes da minha vida.
eu ia comprar um frango de máquina e ter comida pra requentar no micro durante a semana toda, porque a minha preguiça doméstica é tudo aquilo que imaginação nenhuma alcança.
mas, ele disse: vamos sim, amanhã faz 40 anos (anos!) que eu conheci a tua mãe.
topei na hora.
meu pai, segundo eu: (que vi nas fotos) era um alemãozinho lindo.
meu pai segundo a minha mãe: era um alemãozinho rico que tinha grana para tomar grapette todos os dias na hora do recreio.
meu pai segundo meu pai: era um encalhado, só as tias (as mulheres mais velhas) tiravam ele pra dançar.
minha mãe segundo meu pai: uma morena linda que estava sempre na moda - ela ainda se mantêm linda e na moda - (meu avô era caminhoneiro e viajava pra são paulo e além disto a minha avó era dona de boutique...)
bom, meu pai conheceu minha mãe há 40 anos quando ela estava entrando para um baile (que ele não pretendia ir), apenas estava passando na frente da festa.
mas, de repente ele viu ela entrando.
então, ele foi pra casa, tomou banho, colocou a melhor roupa, lambeu os cabelos, e foi atrás da mulher da vida dele.
até hoje a festa dele é encontrar a minha mãe.
eu?
eu já tomei tanto banho pra gente que nem sabe que eu existo.
mas, hoje eu coloquei a minha melhor roupa também e fui atrás deles, as pessoas mais importantes da minha vida.
mundo olímpico
não sei o que eu invejo mais: o que as ginastas fazem com o corpo ou o que tudo isto faz da / pela bunda delas.
dia destes, um aluno me perguntou: profe, dá pra torcer pra um outro país que não seja o Brasil? queria torcer para alguém que ganhasse medalha.
dia destes, um aluno me perguntou: profe, dá pra torcer pra um outro país que não seja o Brasil? queria torcer para alguém que ganhasse medalha.
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
implodindo
por uns dias eu vou escrever no meu caderno, tem coisas que a gente precisa explodir sem lançar estilhaços nas pessoas próximas.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Eles e eu
Paulo Coelho disse no Fantástico que mataria por amor, disse que mataria se sua mulher estivesse em perigo, mesmo que fosse preso depois.
Uma vez Pablito ao ser perguntando se já tinha sofrido por amor, respondeu que estava disposto a sofrer mais.
Eu ando passando adiante. Agradeço e passo adiante.
Digamos que depois de ressuscitar, nem a morte e nem a vida me são um brinquedo fácil.
Digamos que depois de ficar sem chão, a gente acredita mais nas asas do que nas raízes.
Uma vez Pablito ao ser perguntando se já tinha sofrido por amor, respondeu que estava disposto a sofrer mais.
Eu ando passando adiante. Agradeço e passo adiante.
Digamos que depois de ressuscitar, nem a morte e nem a vida me são um brinquedo fácil.
Digamos que depois de ficar sem chão, a gente acredita mais nas asas do que nas raízes.
mais uma vez Criada de Madame, do blog da Ticcia
, se tem alguém que anda falando a minha língua é a Criada!
Dizem que o pior cego é aquele que não quer ver. Diria que há um cego ainda mais pernicioso, que é aquele que não quer ver que quer ser visto. Vivo numa concha, guardo-me dos olhares porque sei que olhares julgam, olhares ferem. Mas aí, quando olho fundo nos seus olhos e vejo que eu queria que você visse o mais profundo de mim, descubro que estou há tanto tempo na concha que não sei mais como sair dela. Fico emperrada em mim mesma, cheia de medo do meu desejo e de tristeza pela minha covardia. Vejo o olhar alheio como um scanner que faz sua varredura instantânea e pragmática de tudo o que há de errado em mim e cubro-me de vergonha: é porque eu não sou o que eu quisera que eu fosse. Tornei-me uma outra coisa, descobri-me cheia de tantas vulnerabilidades, tão humana. E, se isso me tornou mais sábia e investida de uma compaixão de que não me julgava capaz, isso também fez de mim prisioneira. Ou será que apenas mostrou as grades?
Dizem que o pior cego é aquele que não quer ver. Diria que há um cego ainda mais pernicioso, que é aquele que não quer ver que quer ser visto. Vivo numa concha, guardo-me dos olhares porque sei que olhares julgam, olhares ferem. Mas aí, quando olho fundo nos seus olhos e vejo que eu queria que você visse o mais profundo de mim, descubro que estou há tanto tempo na concha que não sei mais como sair dela. Fico emperrada em mim mesma, cheia de medo do meu desejo e de tristeza pela minha covardia. Vejo o olhar alheio como um scanner que faz sua varredura instantânea e pragmática de tudo o que há de errado em mim e cubro-me de vergonha: é porque eu não sou o que eu quisera que eu fosse. Tornei-me uma outra coisa, descobri-me cheia de tantas vulnerabilidades, tão humana. E, se isso me tornou mais sábia e investida de uma compaixão de que não me julgava capaz, isso também fez de mim prisioneira. Ou será que apenas mostrou as grades?
erros
ontem o cris me olhou (ainda sentado ao micro) e disse:
- tá cheio de erros. tu não tá revisando, né?
é, não tô.
gosto da capacidade de reflexão da escrita, a de reparação não anda me interessando.
além do mais (da falta de tempo), me reler sempre é não acreditar nas minhas palavras.
eu sou daquelas que quando pensa, não faz.
mas, eu acredito nas pessoas que passam pela floresta e não vejam apenas lenha para o seu fogo.
- tá cheio de erros. tu não tá revisando, né?
é, não tô.
gosto da capacidade de reflexão da escrita, a de reparação não anda me interessando.
além do mais (da falta de tempo), me reler sempre é não acreditar nas minhas palavras.
eu sou daquelas que quando pensa, não faz.
mas, eu acredito nas pessoas que passam pela floresta e não vejam apenas lenha para o seu fogo.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
notícia
Cientista sugere comer canguru para reduzir gases estufa
Um cientista australiano pediu a consumidores e produtores de carne que substituam produtos bovinos e suínos por derivados do canguru para reduzir as emissões de gases que causam o efeito estufa.
O pesquisador George Wilson, da agência de proteção de vida selvagem da Austrália, sublinhou que o gás metano produzido durante a digestão de vacas, cordeiros e porcos é um potente agente da mudança climática quando lançado na atmosfera - até mais que os tradicionais vilões, monóxido ou dióxido de carbono.
Por outro lado, cangurus, que têm um sistema digestivo diferente, praticamente não produzem metano, disse o cientista. Em um país onde bovinos e caprinos são responsáveis por 11% das emissões de carbono, e que já cria cerca de 30 milhões de cangurus em fazendas, mudar os hábitos alimentares para evitar os danos da "criação de animais tradicional" pode perfeitamente se tornar uma preocupação, ele argumentou.
"Cangurus são adaptados ao ambiente australiano. Se forem criados em quantidade suficiente, seria muito sensato fazer mais uso deles do que já fazemos hoje", disse. "Deveríamos nos preocupar mais com o dano ambiental causado pela criação tradicional de animais, que é profundo no caso da Austrália."
BBC Brasil
Se eu já não sei comprar carne assim, imagina eu comprando carne de canguru.
Eu, que sou trancada, fico muito feliz quando produzo metano... (às vezes eu penso, como eu que sou capaz de tantas merdas tenho tanta dificuldade em fazer coco?)
Eu estou esperando que algum ecologista proponha que se mate todos os seres humanos para preservar o planeta.
Um cientista australiano pediu a consumidores e produtores de carne que substituam produtos bovinos e suínos por derivados do canguru para reduzir as emissões de gases que causam o efeito estufa.
O pesquisador George Wilson, da agência de proteção de vida selvagem da Austrália, sublinhou que o gás metano produzido durante a digestão de vacas, cordeiros e porcos é um potente agente da mudança climática quando lançado na atmosfera - até mais que os tradicionais vilões, monóxido ou dióxido de carbono.
Por outro lado, cangurus, que têm um sistema digestivo diferente, praticamente não produzem metano, disse o cientista. Em um país onde bovinos e caprinos são responsáveis por 11% das emissões de carbono, e que já cria cerca de 30 milhões de cangurus em fazendas, mudar os hábitos alimentares para evitar os danos da "criação de animais tradicional" pode perfeitamente se tornar uma preocupação, ele argumentou.
"Cangurus são adaptados ao ambiente australiano. Se forem criados em quantidade suficiente, seria muito sensato fazer mais uso deles do que já fazemos hoje", disse. "Deveríamos nos preocupar mais com o dano ambiental causado pela criação tradicional de animais, que é profundo no caso da Austrália."
BBC Brasil
Se eu já não sei comprar carne assim, imagina eu comprando carne de canguru.
Eu, que sou trancada, fico muito feliz quando produzo metano... (às vezes eu penso, como eu que sou capaz de tantas merdas tenho tanta dificuldade em fazer coco?)
Eu estou esperando que algum ecologista proponha que se mate todos os seres humanos para preservar o planeta.
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
abraçar os sonhos
eu queria conseguir abrir os braços pros meus sonhos, com a mesma certeza que as putas abrem as pernas pros desconhecidos.
o meu lado b
o meu lado b sabe que eu não posso acreditar na pessoas porque eu sou uma delas.
o meu lado b adora comer coxinha FRITA e bombom ouro branco.
o meu lado b adora passar o domingo de pijama.
o meu lado b me faz escutar muiiitas vezes a mesma música.
o meu lado b é a preguiça de não ir até a faixa de segurança para atravessar a rua.
o meu lado b faz um cheque com um valor pequeno demais.
o meu lado b me faz roubar revista em consultório médico.
o meu lado b me faz colocar um canudinho na jarra para não lavar o copo e tomar suco de pacote para não lavar o espremedor de frutas.
o meu lado b se apaixona pelos defeitos.
o meu ledo b me faz insistir em ir até o fim de muitas coisas, mesmo sabendo que não há nada recompensador lá.
o meu lado b me faz ler o fim da história antes, para saber se eu quero mesmo chegar até o fim.
o meu lado b não me deixa usar óculos por só agüentar a vida se vista de forma desfocada.
o meu lado b é por onde respira o meu lado a, que eu não sei por onde tem andado.
o meu lado b adora comer coxinha FRITA e bombom ouro branco.
o meu lado b adora passar o domingo de pijama.
o meu lado b me faz escutar muiiitas vezes a mesma música.
o meu lado b é a preguiça de não ir até a faixa de segurança para atravessar a rua.
o meu lado b faz um cheque com um valor pequeno demais.
o meu lado b me faz roubar revista em consultório médico.
o meu lado b me faz colocar um canudinho na jarra para não lavar o copo e tomar suco de pacote para não lavar o espremedor de frutas.
o meu lado b se apaixona pelos defeitos.
o meu ledo b me faz insistir em ir até o fim de muitas coisas, mesmo sabendo que não há nada recompensador lá.
o meu lado b me faz ler o fim da história antes, para saber se eu quero mesmo chegar até o fim.
o meu lado b não me deixa usar óculos por só agüentar a vida se vista de forma desfocada.
o meu lado b é por onde respira o meu lado a, que eu não sei por onde tem andado.
vida doméstica, capítulo de hoje: o frio na minha vida proletária
tem gente que espera o frio para usar a lareira.
eu aproveito para usar o meu casaco novo.
tem gente que espera o sol para passear no frio da serra.
eu aproveito o sol para poder lavar roupa.
tem gente que aproveita para comer fondoe.
eu como sopa de pacote que engorda menos.
eu aproveito para usar o meu casaco novo.
tem gente que espera o sol para passear no frio da serra.
eu aproveito o sol para poder lavar roupa.
tem gente que aproveita para comer fondoe.
eu como sopa de pacote que engorda menos.
vida doméstica - capítulo de hj: o mercado
eu nunca soube comprar carne.
da galinha só sei reconhecer o que é a coxa e a asa. também sei o que é pé e cabeça (mas, isto não se come).
carne vermelha eu só sei comprar carne moída (e faz pouco tempo que eu descobri que existe de 1ª e de 2ª).
cada vez que eu me atrapalho na fila da carne, o homem do açougue me leva lá pra dentro e me mostra aqueles bois pendurados nos ganchos e me pede para mostrar o que eu quero para ele cortar. um pavor.
então, a minha estratégia é sempre pedir a mesma coisa que a pessoa que está na minha frente pede.
mas, às vezes as pessoas da minha frente pedem fígado. ou bucho.
daí?
daí, eu peço salsichão da perdigão (o bom destas porcarias prontas é que como não precisa temperar a gente não erra no sal.)
pior foi um dia que o comprei um salsichão só.
e o atendente perguntou: o que tu vai fazer com um salsichão?
e eu respondi: o mesmo que se faz com um monte, fazer comida. eu não vou fazer o que eu costumo fazer com um salsichão só.
o homem ficou bordô.
o colega dele riu tanto que eu fiquei mais de mês sem entrar na fila.
mas o pior de tudo no mercado não tem sido a carne, que com isto eu até já acostumei.
o pior é que sempre que eu gosto de um produto ele some.
um exemplo?
não, 3:
meu segredo (aquele tempero em pó)
caldo de galinha de alho e salsa.
maionese hellmann's sabor parmesão.
eu me lembro de quando eu tinha 16 / 17 anos e ia com a carina às festas.
era batata: a gente descobria um menino bonito e sozinho e na outra festa ele já estava namorando.
teve até um dia que a gente resolveu passar a noite uma olhando pra outra, pra ver se o nosso olhar desencalhador funcionava também com a gente.
é, o meu olhar sempre desencalha o que (ou quem) eu mais gostaria de consumir...
da galinha só sei reconhecer o que é a coxa e a asa. também sei o que é pé e cabeça (mas, isto não se come).
carne vermelha eu só sei comprar carne moída (e faz pouco tempo que eu descobri que existe de 1ª e de 2ª).
cada vez que eu me atrapalho na fila da carne, o homem do açougue me leva lá pra dentro e me mostra aqueles bois pendurados nos ganchos e me pede para mostrar o que eu quero para ele cortar. um pavor.
então, a minha estratégia é sempre pedir a mesma coisa que a pessoa que está na minha frente pede.
mas, às vezes as pessoas da minha frente pedem fígado. ou bucho.
daí?
daí, eu peço salsichão da perdigão (o bom destas porcarias prontas é que como não precisa temperar a gente não erra no sal.)
pior foi um dia que o comprei um salsichão só.
e o atendente perguntou: o que tu vai fazer com um salsichão?
e eu respondi: o mesmo que se faz com um monte, fazer comida. eu não vou fazer o que eu costumo fazer com um salsichão só.
o homem ficou bordô.
o colega dele riu tanto que eu fiquei mais de mês sem entrar na fila.
mas o pior de tudo no mercado não tem sido a carne, que com isto eu até já acostumei.
o pior é que sempre que eu gosto de um produto ele some.
um exemplo?
não, 3:
meu segredo (aquele tempero em pó)
caldo de galinha de alho e salsa.
maionese hellmann's sabor parmesão.
eu me lembro de quando eu tinha 16 / 17 anos e ia com a carina às festas.
era batata: a gente descobria um menino bonito e sozinho e na outra festa ele já estava namorando.
teve até um dia que a gente resolveu passar a noite uma olhando pra outra, pra ver se o nosso olhar desencalhador funcionava também com a gente.
é, o meu olhar sempre desencalha o que (ou quem) eu mais gostaria de consumir...
do blog da Ticcia, pela Criada de Madame
Quando vejo (leio) coisas assim, sinto-me menos só.
É incrível como posso ser uma boa pessoa, e simples, e feliz, quando as circunstâncias permitem. Gostaria de não precisar ser uma leoa, saindo para caçar todos os dias de modo a alimentar o meu bando. Preferiria sorrir para as pessoas e simplesmente ignorar as ameaças nefastas decorrentes das suas ridículas tentativas de agressão e desmerecimento - porque posso mesmo sorrir e ignorar a agressão e o desmerecimento, pois não são a agressão e o desmerecimento que me afligem: o aflitivo é a conseqüência da agressão e do desmerecimento, a desqualificação perante terceiros que poderá redundar em ser considerada inapta e não mais ter subsídios para alimentar meu bando. Sei que vai ter um engraçadinho qualquer que dirá algo como 'torne-se vegetariana'. Sempre tem alguém que não entende a metonímia e aplica um sentido literal. Já sorrio antecipadamente para (mais) essa e penso que talvez os tempos de paz tenham acabado de acabar.
É incrível como posso ser uma boa pessoa, e simples, e feliz, quando as circunstâncias permitem. Gostaria de não precisar ser uma leoa, saindo para caçar todos os dias de modo a alimentar o meu bando. Preferiria sorrir para as pessoas e simplesmente ignorar as ameaças nefastas decorrentes das suas ridículas tentativas de agressão e desmerecimento - porque posso mesmo sorrir e ignorar a agressão e o desmerecimento, pois não são a agressão e o desmerecimento que me afligem: o aflitivo é a conseqüência da agressão e do desmerecimento, a desqualificação perante terceiros que poderá redundar em ser considerada inapta e não mais ter subsídios para alimentar meu bando. Sei que vai ter um engraçadinho qualquer que dirá algo como 'torne-se vegetariana'. Sempre tem alguém que não entende a metonímia e aplica um sentido literal. Já sorrio antecipadamente para (mais) essa e penso que talvez os tempos de paz tenham acabado de acabar.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
a dona alzira
a dona alzira era a minh avó, era não, ainda é, onde quer que ela esteja (é, ela já morreu - de pura saudades do meu avô com o qual ela tanto implicava).
a minha avó era daquelas que tricotava e cozinhava.
um dia ela fez pra mim, um blusão com as mesmas listras da barriga da cuca (do sítio do pica pau amarelo). mangas e costas verdes e a barriga listrada nas mesmas cores, que copiamos da TV. um sucesso!
mas, foi ela que também errou a gola de um outro blusão meu e colocou elástico pra consertar. eu quase morria usando aquilo. teve um dia em que nem copiei nada na escola porque minhas mãos estavam ocupadas, me salvando do gola estranguladora. (é, eu sempre fui pateta, um dia meu pai colocou um vestido virado, as costas pra frente, pra eu ir à escola e eu não percebi....)
das comidas que a minha avó fazia eu gostava das frituras que na minha casa nunca tinha.
bolinho de arroz, batata, chuva e espinafre.
minha avó jurava que de espinafre não engordava nada.
mas, o que ela fazia de mais macabro era sopa com pé de galinha dentro.
na hora de comer, ela pescava o pé da sopa e puxava um nervinho e os dedos da falecida galinha até se mexiam. às vezes ela fazia isto com o pé da galinha dentro da sopa. dava até ondinhas no prato.
outra comida exótica era cabeça de porco assada. isto era o meu avó que comia. eu só olhava. ainda por cima vinha com uma maçã na boca, feito desenho animado. eu pedia pro meu avó se ele que tinha comido os olhos, já que ali não tinha mais nada, só os buracos. ele só ria.
de tarde a minha eu minha avó sentávamos na frente da casa dela.
ela falava mal de todas as vizinhas que passavam - ela sempre falou mal de todo mundo, mas nunca fez mal pra ninguém - , e a vizinha da frente sempre chegava pra conversar.
ela contava pra minha avó sobre macumbas ("trabalhos") que as pessoas faziam pra família dela. eu escutava tudo sem piscar. aliás, nem de noite eu pegava no sono lembrando destas histórias.
tinha também a costureira, que morava pertinho, na qual a gente sempre ia.
a minha avó mandava reformar roupas.
às vezes sobrava pra mim.
a costureira ajustava tudo com alfinete. depois simplesmente puxava tudo e eu saia toda espetada e furada. um horror.
mas eu ia.
no caminho sempre a minha avó colhia funcho pra eu morder. aquilo me dava um enjôo danado depois, mas eu gostava de ficar mordendo aquele pastinho.
as histórias que a minha avó contava eram inacreditáveis.
eu amava.
eu sabia quase todas de cor.
às vezes quando eu fazia ela repetir e repetir, eu mesma lembrava ela de uns pedaços que ela esquecia.
tinha uma de doer de triste. ela contava que um dia esqueceu os tamancos jogando sapata e eles sumiram. daí ela foi pra escola um mês inteiro de pés descalços. quando ela contava esta eu ficava tão triste que ela logo emendava uma outra engraçada.
outra coisa que era o máximo era abrir a caixa de fotos.
meu avó cortava as pessoas mortas de algumas fotos, pra não dar azar.
eu achei o máximo até o dia que eu descobri que ele era poderia ser o próximo a ser cortado dos seus próprios retratos. daí, nunca mais a brincadeira teve graça.
a pior idéia que a minha avó teve na vida foi lavar a minha cabeça com chá de arruda para dar jeito nos meus intermináveis piolhos.
aquele cheiro me enjoava ao ponto de causar ânsia de vômito, mas não teve jeito.
minha avó levava eu à benzeideira.
lá também tinha arruda, mas passava rápido.
minha avó sempre dizia que eu tinha quebrante e olho gordo.
sempre. até depois que eu era maior.
deusdocéu: o que será que ela achava que os outros podiam invejar em mim?
só se fosse ela, a minha avó.
a minha avó era daquelas que tricotava e cozinhava.
um dia ela fez pra mim, um blusão com as mesmas listras da barriga da cuca (do sítio do pica pau amarelo). mangas e costas verdes e a barriga listrada nas mesmas cores, que copiamos da TV. um sucesso!
mas, foi ela que também errou a gola de um outro blusão meu e colocou elástico pra consertar. eu quase morria usando aquilo. teve um dia em que nem copiei nada na escola porque minhas mãos estavam ocupadas, me salvando do gola estranguladora. (é, eu sempre fui pateta, um dia meu pai colocou um vestido virado, as costas pra frente, pra eu ir à escola e eu não percebi....)
das comidas que a minha avó fazia eu gostava das frituras que na minha casa nunca tinha.
bolinho de arroz, batata, chuva e espinafre.
minha avó jurava que de espinafre não engordava nada.
mas, o que ela fazia de mais macabro era sopa com pé de galinha dentro.
na hora de comer, ela pescava o pé da sopa e puxava um nervinho e os dedos da falecida galinha até se mexiam. às vezes ela fazia isto com o pé da galinha dentro da sopa. dava até ondinhas no prato.
outra comida exótica era cabeça de porco assada. isto era o meu avó que comia. eu só olhava. ainda por cima vinha com uma maçã na boca, feito desenho animado. eu pedia pro meu avó se ele que tinha comido os olhos, já que ali não tinha mais nada, só os buracos. ele só ria.
de tarde a minha eu minha avó sentávamos na frente da casa dela.
ela falava mal de todas as vizinhas que passavam - ela sempre falou mal de todo mundo, mas nunca fez mal pra ninguém - , e a vizinha da frente sempre chegava pra conversar.
ela contava pra minha avó sobre macumbas ("trabalhos") que as pessoas faziam pra família dela. eu escutava tudo sem piscar. aliás, nem de noite eu pegava no sono lembrando destas histórias.
tinha também a costureira, que morava pertinho, na qual a gente sempre ia.
a minha avó mandava reformar roupas.
às vezes sobrava pra mim.
a costureira ajustava tudo com alfinete. depois simplesmente puxava tudo e eu saia toda espetada e furada. um horror.
mas eu ia.
no caminho sempre a minha avó colhia funcho pra eu morder. aquilo me dava um enjôo danado depois, mas eu gostava de ficar mordendo aquele pastinho.
as histórias que a minha avó contava eram inacreditáveis.
eu amava.
eu sabia quase todas de cor.
às vezes quando eu fazia ela repetir e repetir, eu mesma lembrava ela de uns pedaços que ela esquecia.
tinha uma de doer de triste. ela contava que um dia esqueceu os tamancos jogando sapata e eles sumiram. daí ela foi pra escola um mês inteiro de pés descalços. quando ela contava esta eu ficava tão triste que ela logo emendava uma outra engraçada.
outra coisa que era o máximo era abrir a caixa de fotos.
meu avó cortava as pessoas mortas de algumas fotos, pra não dar azar.
eu achei o máximo até o dia que eu descobri que ele era poderia ser o próximo a ser cortado dos seus próprios retratos. daí, nunca mais a brincadeira teve graça.
a pior idéia que a minha avó teve na vida foi lavar a minha cabeça com chá de arruda para dar jeito nos meus intermináveis piolhos.
aquele cheiro me enjoava ao ponto de causar ânsia de vômito, mas não teve jeito.
minha avó levava eu à benzeideira.
lá também tinha arruda, mas passava rápido.
minha avó sempre dizia que eu tinha quebrante e olho gordo.
sempre. até depois que eu era maior.
deusdocéu: o que será que ela achava que os outros podiam invejar em mim?
só se fosse ela, a minha avó.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
o peso
talvez eu viva tentando emagrecer não só as minhas gorduras globalizadas, mas o peso que é a vida.
a yeda aprovando o próprio aumento de salário e achando um rombo no orçamento o aumento que os professores nem ganharam ainda.
os jogadores de futebol ganhando por mês mais do que eu vou ganhar uma vida inteira.
a china irrespirável - de tão poluída - sediando os jogos e o mundo todo compactuando e aplaudindo.
ontem no fantástico, um senhor que passou 19 anos preso injustamente e ficou cego numa rebelião disse que acredita na justiça.
eu sigo morrendo de saudades de acreditar em qualquer coisa.
eu sigo lendo a previsão do tempo, porque ela sempre falha, mas ela indenpende de influências políticas.
é, eu cortei os cabelos, pra não cortar os pulsos ou o pescoço.
a história do homem se constrói pedra a pedra na sua queda. (affonso romano de sant'anna)
a yeda aprovando o próprio aumento de salário e achando um rombo no orçamento o aumento que os professores nem ganharam ainda.
os jogadores de futebol ganhando por mês mais do que eu vou ganhar uma vida inteira.
a china irrespirável - de tão poluída - sediando os jogos e o mundo todo compactuando e aplaudindo.
ontem no fantástico, um senhor que passou 19 anos preso injustamente e ficou cego numa rebelião disse que acredita na justiça.
eu sigo morrendo de saudades de acreditar em qualquer coisa.
eu sigo lendo a previsão do tempo, porque ela sempre falha, mas ela indenpende de influências políticas.
é, eu cortei os cabelos, pra não cortar os pulsos ou o pescoço.
a história do homem se constrói pedra a pedra na sua queda. (affonso romano de sant'anna)
domingo, 3 de agosto de 2008
a samambaia voadora
(a ficção da literatura é uma desculpa para aqueles que usam as palavras para ocultar seus crimes.)
ela nunca teve grande simpatia pelas atividades domésticas.
apesar de ser uma ótima mãe pela virtude da escuta herdada de sua própria mãe e pelos conselhos estranhos, inspirados nos livros cult que sempre leu.
deixava o filho na creche e corria pro cinema, pois a temperatura da mamadeira e a promoção de fraldas para ela sempre foram papo furado. ele nunca se importou, pois a alegria dela sempre esteve entre as suas preferências.
a família ia bem melhor que tantas outras que fazem de conta que vão bem.
bem cedo teve as trompas ligadas, mas nunca se desligou do mundo. muito pelo contrário.
o fato da samambaia ela tinha esquecido, até o dia que isabella tinha deixado de ser apenas uma marca de bolacha para virar um caso.o caso passando na tv e ela sintonizou o seu passado.
um dia daqueles em que nada dá certo. o arroz queima. a bateria do carro se vai. o marido se atrasa. um criança gripada. a outra com a bunda assada. e o outro chutando a barriga que ela não mais conseguia acomodar a todo o instante. sim, era hora das crianças irem para a cama, mas o desfile de algum time não dava trégua na rua. espiou pela janela e da fila nem se via o fim. ligou a TV e mais inflação.
no seu minuto de loucura que não costumava reprimir, olhou os filhos chorando e não teve dúvidas: arremessou a samambaia pela janela. não, não pôde sentir o alívio do seu ato, pois ao invés da folhagem atingir o chão, atingiu os fios de alta tensão gerando um fogaréu.
ligou para o marido, confidenciado o crime, ele veio rápido e devagar eles se deram conta que nada tinha acontecido, apenas a explosão em todos os sentidos. apenas a explosão daqueles que não se permitem morrer de câncer. daqueles que não se limitam a sorrir amarelo.
ela nunca pensou no quanto ele era capaz de entendê-la, pois a sua capacidade de compreendê-la (muitas vezes sem entendê-la de fato) já lhe dava um cúmplice no crime perfeito da vida.
naquela noite ela não precisou de remédio para dormir e ele dormiu uma noite sem sonhos. bastavam as cores do dia, da noite ele só quis o silêncio.
depois da clareza que só é promovida pela escuridão de uma noite de sono, ao saírem do prédio, riram da samambaia estatelada no chão e seguraram com mais força as crianças no colo do braço.
até hoje ninguém entende porque para cada amiga grávida ela dá uma samambaia de presente. sempre. e ele faz questão de ir junto à floricultura escolher. sempre lembrando ela de levar junto também as correntes para pendurar a folhagem.
tem gente que diz que é até promessa. mas, só aqueles que sabem que a vida ultrapassam todos os entendimentos não acreditam nestas bobagens.
ela nunca teve grande simpatia pelas atividades domésticas.
apesar de ser uma ótima mãe pela virtude da escuta herdada de sua própria mãe e pelos conselhos estranhos, inspirados nos livros cult que sempre leu.
deixava o filho na creche e corria pro cinema, pois a temperatura da mamadeira e a promoção de fraldas para ela sempre foram papo furado. ele nunca se importou, pois a alegria dela sempre esteve entre as suas preferências.
a família ia bem melhor que tantas outras que fazem de conta que vão bem.
bem cedo teve as trompas ligadas, mas nunca se desligou do mundo. muito pelo contrário.
o fato da samambaia ela tinha esquecido, até o dia que isabella tinha deixado de ser apenas uma marca de bolacha para virar um caso.o caso passando na tv e ela sintonizou o seu passado.
um dia daqueles em que nada dá certo. o arroz queima. a bateria do carro se vai. o marido se atrasa. um criança gripada. a outra com a bunda assada. e o outro chutando a barriga que ela não mais conseguia acomodar a todo o instante. sim, era hora das crianças irem para a cama, mas o desfile de algum time não dava trégua na rua. espiou pela janela e da fila nem se via o fim. ligou a TV e mais inflação.
no seu minuto de loucura que não costumava reprimir, olhou os filhos chorando e não teve dúvidas: arremessou a samambaia pela janela. não, não pôde sentir o alívio do seu ato, pois ao invés da folhagem atingir o chão, atingiu os fios de alta tensão gerando um fogaréu.
ligou para o marido, confidenciado o crime, ele veio rápido e devagar eles se deram conta que nada tinha acontecido, apenas a explosão em todos os sentidos. apenas a explosão daqueles que não se permitem morrer de câncer. daqueles que não se limitam a sorrir amarelo.
ela nunca pensou no quanto ele era capaz de entendê-la, pois a sua capacidade de compreendê-la (muitas vezes sem entendê-la de fato) já lhe dava um cúmplice no crime perfeito da vida.
naquela noite ela não precisou de remédio para dormir e ele dormiu uma noite sem sonhos. bastavam as cores do dia, da noite ele só quis o silêncio.
depois da clareza que só é promovida pela escuridão de uma noite de sono, ao saírem do prédio, riram da samambaia estatelada no chão e seguraram com mais força as crianças no colo do braço.
até hoje ninguém entende porque para cada amiga grávida ela dá uma samambaia de presente. sempre. e ele faz questão de ir junto à floricultura escolher. sempre lembrando ela de levar junto também as correntes para pendurar a folhagem.
tem gente que diz que é até promessa. mas, só aqueles que sabem que a vida ultrapassam todos os entendimentos não acreditam nestas bobagens.
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
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