domingo, 27 de setembro de 2009

da vida real

e eu que achava que deprimente era comprar a revista "caras", mas só até assistir à novela das oito...
nem sei o que me deprime mais: o quanto elas são amadas, lindas, viajadas ou ricas.

domingo, 20 de setembro de 2009

Dízimo bem investido é outra coisa!




Uma família na Inglaterra comprou uma igreja por 92 mil libras e gastou 300 mil libras na reforma.

Eu acho uma evolução: melhor do que comprar cadeirinhas no céu, melhor do que tentar o padre e melhor do que iludir fiéis...

Mas, o que será que eles fizeram com os mortos do jardim?

Amém!

sábado, 19 de setembro de 2009

das citações

Richard Sennet definiu a cidade como “um assentamento humano em que estranhos têm a chance de se encontrar”. Comentando-a, Bauman diz que “isso significa que estranhos têm chance de encontrar em sua condição de estranhos… um encontro de estranhos é diferente de encontros de parentes, amigos ou conhecidos –parece, por comparação, um desencontro…o único apoio com que estranhos que se encontram podem contar deverá ser um tecido do fio fino e solto de sua aparência, palavras e gestos…” Isso gera a etiqueta da civilidade. Voltando a Sennet, ele nos diz que ela “tem como objetivo proteger os outros de serem sobrecarregados com nosso peso”.

(http://armonte.wordpress.com/2009/09/09/leitura-da-semana-apos-o-anoitecer-de-haruki-murakami/)

das modernidades

estes dias eu escutei ou li algo mais ou menos assim: eu tenho que casar logo, para logo poder me separar e ser feliz.

tem coisas que viram ritos de passagem, antes era o casamento, agora é a separação.

33 anos

sempre mais grisalha... (e resistindo à pintura)
(e como meu cabelos são bem pretos. os brancos reluzem!)

às vezes eu até acho que uma vida é pouco, outras vezes penso que se existisse a possibilidade eu não queria nunca mais voltar...

é triste as coisas que a gente deixa e perde pelo caminho, incluindo a gente mesma, mas é legal as coisas que a gente ganha, incluindo todas as pessoas... e muitos momentos...

mas, acredito que estou melhorando: agora eu faço até café na minha casa para a minha mãe e não vou mais a restaurantes comemorar. eu abro a casa para aqueles que me são sempre morada.

(claro, é o Cris que cozinha e ajuda a lavar a louça...)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

da pré-história

quando eu era pequena, fotos a gente tirava nas datas.
fazia pose. gastava para revelar. e às vezes a gente saia feito um fantasma ou tudo ficava cor de rosa. tinha até aquilo do filme queimar. tinha também aquilo de tantas poses, pensar para não tirar foto de bobagem e gastar poses em vão. quando meu pai trazia as fotos reveladas, era sempre uma surpresa, pois ninguém tinha como ver as fotos antes... ver fotos reveladas era um evento caro e bonito.
foto da turma, eram aquelas de final de ano.
agora, bom, agora cada piscada é um flash!
e por incrível que pareça, se revela muito menos.
mas, para mim, uma dinossaura, o pior é ver tanta gente esquecendo de viver os momentos para fotografá-los.
tem gente - que nas festas - mais tira foto que dança.
em restaurante tem gente que mais tira foto do que come.
literalmente tem gente guardando (fotografando) memórias daquilo que nem viveu preocupado com a pose da foto...

domingo, 13 de setembro de 2009

um dia eu chego lá


(também do Palavra Aguda)

Saber ver necessita saber pensar o que se vê. Saber ver implica portanto saber pensar, como saber pensar implica saber ver. Saber pensar não é algo que se obtenha por técnica, receita ou método. Saber pensar não é apenas aplicar a lógica e a verificação aos dados da experiência. Isso supõe também saber organizar os dados da experiência. Precisamos portanto de compreender que regras, que princípios comandam o pensamento que nos permite organizar o real, isto é, seleccionar / privilegiar certos dados e eliminar / subalternizar outros. Precisamos de adivinhar a que pulsões obscuras, a que necessidades do nosso ser, a que idiossincrasia do nosso espírito obedece ou responde o que temos por verdade. Numa palavra, saber pensar significa indissociavelmente saber pensar o seu pensamento. Necessitamos de nos pensar pensando, de nos conhecer conhecendo. Essa é a exigência reflexiva fundamental, que não é tão-só a do filósofo profissional, que não deveria estender-se apenas ao cientista, mas que deve ser a de cada um e de todos.

Edgar Morin, “As grandes questões do nosso tempo”, trad. adelino dos santos rodrigues, Editorial Notícias, 1994.

das citações

Há um limite para se ser profundo. Há um limite para se ser subtil. Há um limite para se ser bom observador. Nós temos de nos mover num mundo de limites para a viabilidade de se ser. O limite da profundeza é a escuridão. O da observação é o do microscópio electrónico. Mas tudo no homem é assim. Para lá de certos limites é a confusão, a gratuidade, a loucura. Assim o grande amor se reconhece na morte ou o excesso da razão na confusão ou sofisma ou absurdo ou impensável ou gratuito. Todo o excessivo no homem é desumano ou degenerescência ou vazio. Mas que há de grande no homem senão o excesso de si? E é decerto aí que mora Deus. Ou mais para lá.

Vergílio ferreira, Escrever, Bertrand Editora, 2001.

Palavra Aguda

naufragando


eu sempre gostei de chuva no final de semana, como se a pregüiça se justificasse sozinha.
mas, de repente as minhas dúvida estão mofando, as minhas poucas certezas úmidas, os meus fantasmas me afogando, os meus pensamentos escorrendo...

"Tristeza é quando parece que não vai acabar." (Martha Medeiros)

das coisas que eu faço (sem querer)

eu espirro quando todos estão em silêncio
eu penso alto e quem não deveria escutar, escuta
eu troco as letras quando menos poderia
eu acordo no meio da noite achando que estou atrasada
eu acho graça quando não deveria
eu não acho graça quando todos riem
eu piso e fico grudada em todos os chiclés que estão no chão
eu não resisto a chocolate
eu fico constrangida pelos outros
eu esqueço o celular desligado
eu prefiro escrever do que falar
eu releio livros, mesmo com tantos novos me esperando
eu compro livros que eu já li e alguns que eu não vou ler
e sigo atropelando a mim mesma para não perder a hora.

quem é escritor?



Desde sempre eu gostei de escrever.
Desde sempre foi uma bomba, sempre sobrou para mim os mais diversos cartões, cartas, ofícios, atas, regulamentos, etc.
Desde novinha eu me arrisquei nestes concursos de frases e embalagens e eu ganhei muitas coisas bizarras (engradado de Fruki, caixa de picolé da Sorvebom, exame médico completo, curso de informática...) e até um computador do Beto Carrero.
Mas, minha carreira literária não passou de frases premiadas.
Foi eu decidir participar destes concursos literários que têm por aí que nunca mais a sorte apareceu nas minhas letras.
Não, eu não acho que eu sou uma escritora.
Eu sou só alguém que escreve para não morrer de vez, para poder arrotar um pouco dos sapos que ando engolindo. Acredito que escrever não torna alguém melhor (eu muitas vezes me acho até pior, por fugir pelas palavras e não encarar a vida mais de frente... é, muitas vezes é através das palavras que eu enfio as mãos na merda sem feder os meus dedos, as palavras muitas vezes são as unhas poderosas que eu não tenho paciência de cultivar nos dedos que insistem nas teclas ...) Mas, escrever é apenas uma forma de fugir e chegar a si mesmo... e habitar alguns poucos, como tantas outras: sexo, religião, música, esporte, ...
Aliás, agora cada vez que tem estes concursos eu fico me perguntando, mas quem é um escritor? Escrever, qualquer criança de 7 anos escreve. Viver da escrita não chega a ser um entre cem mil. Na pesca, na fotografia, no ciclismo... tantas vezes é o instrumento que diferencia... mas, o Quintana não escrevia de lápis de escrever apontado com navalha?
Ser escritor também não é ter um livro publicado, porque uma publicação não é um rito de passagem: é apenas ter um padrinho ou condições finaceiras de bancar as suas próprias palavras.
Acredito que ser um escritor, é antes de tudo ser um leitor, ler de uma forma diferente e sensível tudo isto que nos cerca e saber traduzir este prisma, saber abrir (ou seria fechar?) nossos conceitos. Escrever é uma forma de (des)construir, até mesmo de esquecer a palavra para alcançar o invisível.
Não, não acho que eu mereça algum prêmio. Também não acho que Chico Buarque precise de incentivo cultural. Não acho que um mesmo escritor precise ser premiado tantas vezes seguidas, já que os incentivos e concursos são para "descobrir" e incentivar os anônimos.
Aliás, nas escrivinhações de quem não é amiga do rei, já é suficientemente satisfatório o oxigênio das entrelinhas.
E mesmo todos os concursos me dizendo que eu não deveria passar da primeira linha, eu não consigo calar a boca...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

das citações, por Bonnie

Num dia o seu futuro é sólido, no dia seguinte ele é líquido, e nos momentos em que você ferve, ele é quase vapor. E assim você vai em frente (ou em círculos, vai saber), com desejos tão mutáveis e certezas tão fugazes, correndo de um lado pro outro como uma barata tonta.
Será que um dia passa?

http://meaventurar.blogspot.com/

da série: coisas que assisti e recomendo

o filme "estômago".
não, não é preciso muito estômago.
é preciso apenas olhar para dentro e rever um pouco de tudo que a gente é.
de tudo que a gente não foge.
não posso mais com gente caindo de tanta pose.
preciso é da força daqueles que apenas são quem são e justamente por isto vão além de si mesmos e de tantos outros.
chega de modelos e de heróis, ver alguém que me lê é um tamanho bom demais pra mim. um manequim que não precisa nem de bainha.
eu também tenho fome. e não só de comida. mas da vida que é, e não daquela que apenas faz de conta.
eu me interesso pelos botecos onde a vida acontece...