domingo, 13 de setembro de 2009

quem é escritor?



Desde sempre eu gostei de escrever.
Desde sempre foi uma bomba, sempre sobrou para mim os mais diversos cartões, cartas, ofícios, atas, regulamentos, etc.
Desde novinha eu me arrisquei nestes concursos de frases e embalagens e eu ganhei muitas coisas bizarras (engradado de Fruki, caixa de picolé da Sorvebom, exame médico completo, curso de informática...) e até um computador do Beto Carrero.
Mas, minha carreira literária não passou de frases premiadas.
Foi eu decidir participar destes concursos literários que têm por aí que nunca mais a sorte apareceu nas minhas letras.
Não, eu não acho que eu sou uma escritora.
Eu sou só alguém que escreve para não morrer de vez, para poder arrotar um pouco dos sapos que ando engolindo. Acredito que escrever não torna alguém melhor (eu muitas vezes me acho até pior, por fugir pelas palavras e não encarar a vida mais de frente... é, muitas vezes é através das palavras que eu enfio as mãos na merda sem feder os meus dedos, as palavras muitas vezes são as unhas poderosas que eu não tenho paciência de cultivar nos dedos que insistem nas teclas ...) Mas, escrever é apenas uma forma de fugir e chegar a si mesmo... e habitar alguns poucos, como tantas outras: sexo, religião, música, esporte, ...
Aliás, agora cada vez que tem estes concursos eu fico me perguntando, mas quem é um escritor? Escrever, qualquer criança de 7 anos escreve. Viver da escrita não chega a ser um entre cem mil. Na pesca, na fotografia, no ciclismo... tantas vezes é o instrumento que diferencia... mas, o Quintana não escrevia de lápis de escrever apontado com navalha?
Ser escritor também não é ter um livro publicado, porque uma publicação não é um rito de passagem: é apenas ter um padrinho ou condições finaceiras de bancar as suas próprias palavras.
Acredito que ser um escritor, é antes de tudo ser um leitor, ler de uma forma diferente e sensível tudo isto que nos cerca e saber traduzir este prisma, saber abrir (ou seria fechar?) nossos conceitos. Escrever é uma forma de (des)construir, até mesmo de esquecer a palavra para alcançar o invisível.
Não, não acho que eu mereça algum prêmio. Também não acho que Chico Buarque precise de incentivo cultural. Não acho que um mesmo escritor precise ser premiado tantas vezes seguidas, já que os incentivos e concursos são para "descobrir" e incentivar os anônimos.
Aliás, nas escrivinhações de quem não é amiga do rei, já é suficientemente satisfatório o oxigênio das entrelinhas.
E mesmo todos os concursos me dizendo que eu não deveria passar da primeira linha, eu não consigo calar a boca...

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