quinta-feira, 1 de abril de 2010

Incontrolável



Eu amo e odeio as coisas que não controlo.
Amo porque me sinto viva.
Odeio porque a culpa cristã e a educação alemã fazem parte dos meus fantasmas.

No meu lado B consta uma indiscrição incontrolável.
Mais forte que eu.
A qual eu sirvo sempre.

Não posso ver alguém lendo um livro. Preciso saber o título.

Se alguma coisa chama a minha atenção, o meu olho gruda. Mergulho e não volto mais.
(Às vezes até escuto o "pára de olhar" da minha mãe. Mas, daí meu olho já virou chiclé...)
(Nunca me diga: "não olha agora". Se disser eu saco os óculos na mesma hora!)

E aquelas pessoas que te confessam um absurdo esperando um apoio?
Aquela expressão de "peloamordedeuscriatura" fica ali estampada na minha cara.
Eu me esforço.
Eu digo alguma coisa para despistar. Mas, em segundos a pessoa já está se justificando sem parar e eu sei que a minha cara tá berrando as coisas que eu não deveria dizer.

Eu nunca deveria dispensar os óculos escuros.
Mas, eu tenho miopia.

Eu queria saber pensar em voz baixa.
Ninguém pode imaginar o quanto se sente nua uma pessoa indiscreta.

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