terça-feira, 14 de setembro de 2010

inventário dos meus 33 - 34 anos

então, chego aos 34 anos. (dia 19 de setembro)
juro que ainda lembro dos 14, mas sem saudades devido às provas de matemática.
muitos cabelos brancos ainda não pintados.
uma casa meia própria porque divido com o marido.
umas quantas calças jeans abandonadas pelo conforto do suplex.
uns quilos pra perder.
a fé de melhorar a minha bunda, persiste.
a fé na humanidade voltando bem devargarzinho - efeito do contato com as crianças na APAE.
alguns pilas no banco (conferidos semanalmente depois que a minha mãe teve o cartão clonado).
algumas neuroses e muitas paranóias.
uma quase compulsão pela escrita: o verbo em dia e a pilha de louça na pia ou a louça lavada e as palavras não escritas me engasgando.
saudades da minha vó que já morreu.
a falta de jeito pra fazer unha, usar batom,combinar as roupas e usar meia-calça.
medo de salto alto. gosto pela cafonice das plataformas.
horas e horas na piscina térmica. (pela bunda e pela paz)
alergias respiratórias e epidérmicas. pomadas, remédios e feridas. nehuma tatuagem.
um celular jurássico que nunca me deixa na mão.
o intestino mais preguiçoso do que eu.
um irmão longe e um tio no asilo.
pai fazendo pelling e mãe acreditando em tudo, mais que qualquer discípulo.
apertada no manequim 42 e folgada demais no 44.
um cachorro imaginário chamado benhur.
uns amigos reais que viram virtuais.
uns virtuais que sumiram.
falta de paciência para o mercado e fascinação (ainda) por clarice lispector.
todos os filmes que eu ando olhando não têm mais fim. tudo no ar. e eu com meio pulmão a cada vez que me emociono.
um monte de gente se matando, os enforcados têm mais êxito (na morte, não na vida).
listas de coisas escritas à mão do que farei com o prêmio da mega-sena (e jogo só de vez em quando) - as lotéricas fecham no horário sagrado do almoço quando eu resolvo as minhas burocracias existenciais -
dois empregos, um marido e sem amante.
adiando o psiquiatra por achar a hora dele cara demais.
um computador só meu por onde fujo, me perco e às vezes não volto.
esperando o sol como quem espera Deus.
branca que nem leite, as alergias levaram embora o meu sofrido e parco bronzeado artificial.
pêlo encravado, depilação definitiva à vista.
o medo da panela de pressão indo embora.
o ácido no rosto pela noite, a acidez lúcida de algumas pessoas, o riso aberto dos ingênuos.
é sempre nos primeiros calores de setembro que eu faço anos, mas ainda não é menopausa.

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