sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

dica de filme: Asas do Desejo




eu não dou boas dicas de filmes.
gosto mais das atmosferas do que dos acontecimentos.

mas, eu gostei muito de "Asas do Desejo".
não sei se eu acredito em anjos, mas eu sempre gosto daqueles que enxergam por alguma ótica diferente da minha.
acredito que nada pode ser mais filosófico do que conceitos diferentes dos meus.

eu quase acredito no que dizem os anjos: (frases copiadas daqui)

"É fantástico viver espiritualmente. Dia após dia testemunhar para a eternidade o que há de puro, de espiritual nas pessoas. Mas às vezes farto-me desta eterna existência de espírito. nessas alturas gostaria de não pairar eternamente. Gostaria de sentir um peso que anulasse a infinidade e me segurasse à Terra. A cada passo ou a cada golpe de vento gostaria de poder dizer: "Agora, agora, agora" e não "desde sempre" ou "para sempre".

"Para se olhar não é lá do alto, é à altura dos olhos."

"A solidão significa: sou finalmente um ser completo."

(sem contar eu que acho linda a estética monocromátima!)

remoto controle

adoro os dois

entre o céu e o inferno




a minha mãe perguntou se eu vou para o céu ou para o inferno. acho que tudo vai depender de quem decide.
sinceramente eu mereço um inferno ameno ou um céu modesto: não seria justo eu fazer companhia à Zilda Arns, mas também não seria justo eu dividir as chamas com aqueles que jogaram a filha pela janela, ou com aquele que encheu uma criança de agulhas. muito menos com aqueles que desviam milhões do nosso imposto fazendo tanta gente não ter o básico.

claro que eu tenho meus pecados.
apesar de pecar mais em pensamento.

na verdade, meu crime torto é meu mundo particular.
o mundo vem abaixo e eu fico devaneando com Clarice Lispector, não faltando à aula de natação, tentando acreditar que a minha bunda vai ter dias mais sólidos, acompanhando a inacreditável novela das 8, me encantando com o livro do Saramago.

minha preocupação com a humanidade, não vai muito além de algumas pessoas que eu considero muito. (incluindo sempre os meus alunos)

cada vez eu acredito menos.
menos em tudo.
cada vez mais me habita a consciência da invenção ridícula de tudo isto que chamamos de sociedade.
mas, apesar dos pesares, eu brinco bem na sociedade: eu cumpro ordens que é uma beleza, chego sempre na hora, não fico no vermelho, não visito ninguém sem marcar hora.
claro que tem coisas que eu não consigo: usar salto alto só em ocasiões raras, eu ligo para a minha mãe na hora do almoço, eu tomo banho longos e repasso algumas fofocas...

muitas vezes eu acho a vida uma brincadeira divertida, outras tantas eu acho uma brincadeira caótica e sem graça.
como se nunca chegasse a minha vez de inventar as regras que eu cumpro tão bem.
então, eu não consigo deixar de fugir pelas frestas dos meus livros, músicas, ... o meu "infinito particular", como diria a Marisa Monte.

às vezes eu acho que eu só topo brincar com tanta seriedade porque eu realmente gosto muito de alguns e porque pra mim é mais importante chegar do que ter para onde ir. (apesar de me sentir mais partindo do que chegando)

uma vez alguém me disse que não existia pecadinho e pecadão. que todos eram tamanho único. (eu nunca acreditei em tamanho único, tamanho único é aquilo que não serve em ninguém)
claro que eu acho que existe o pecadinho e o pecadão.
aliás, eu acho que é esta distância imaginária que me salva.

mas, eu não me preocupo muito com o inferno e nem sonho muito com o céu.
acho apenas que a brincadeira continua.

e o meu Deus, sabe que cada que eu faço exatamente aquilo que eu posso.

(sempre gosto de ficar com a minha mãe, vai ver que é por saber que daqui um tempo brincaremos em locais diferentes. ela é daquelas que vai para o céu. eu sou daquelas que Deus vai ter que pensar... - ao menos eu espero que pense!)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

fim das férias


minhas férias estão chegando ao fim.
foram férias esperadas, pois ano passado passei as férias estudando.

e juro que tenho vontade de voltar à rotina, pena que tão corrida, com tão pouco tempo para alguns pequenos prazeres. mas, tenho saudades. não sei se da ordem. da produtividade. ou de algumas pessoas.

hoje relendo umas anotações de férias, parece que os dias que renderam foram aqueles em que mais fiz arrumações ou queimei mais calorias.

não, não pode ser que eu não consigo ir além da educação alemã ou da culpa cristã.

e as manhãs sem despertador?
a viagem me deixando os olhos virgens?
e o sorvete no sofá com calda de chocolate?
as comidas frescas?
as visitas à minha mãe?
os sonhos?
a biografia da clarice e o livro do saramago?
as caminhadas descompromissadas?

claro que é isto que fica!
claro que eu ainda consigo simplesmente ser e por isto ir além...

sábado, 16 de janeiro de 2010

Clarice

“Sempre há algo que falta. Guarde isso sem dor embora, em segredo, doa.”

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

solidariedade e seriedade







acredito que o problema nunca é falta de solidariedade, mas sim a falta de seriedade.

é por ESTAS e por outras que eu não consigo acreditar.

fico olhando as imagens pela net, caminho até a geladeira entupida de coisas e volto para ver aquela gente que sofre o inimaginável.
o chão entre a TV e a geladeira me consome.
a moça da TV fala que a Gisele B. já doou 1 milhão e meio de dólares.
muitos doam.
muitos se organizam.

mas, a corrupção sempre é o pior terremoto.
sempre é o que me desacredita de tudo e de quase todos.

(imagens do site TERRA)