quinta-feira, 24 de julho de 2008

Minhas desequilibradas palavras são o luxo do meu silêncio - Clarice Lispector

o terreno do sobrado onde eu moro era o pátio de crianças de 3 prédios inteiros.

é muito difícil eu tomar um banho de menos de 15 minutos.

é muito difícil eu não ir trabalhar de carro.

é raro um dia que eu não como carne. (e eu gosto tanto de animais!)

nem sempre eu separo o azeite que sobra para a reciclagem. (é, eu não gosto de engordurar as mãos)

sim, eu sempre uso guardanapo de papel.

quando tem festas eu compro copo plástico para não ter que lavar.

quanto mais poderoso for o detergente, mais eu compro.

se eu uso a sacola de pano eu não deixo de comprar saco plástico pro lixo.

nunca usei uma barra de giz até o fim porque dói a ponta dos meus dedos.

quando é frio eu ligo o aquecedor.

quando faz mais de 35 graus (todo o verão) eu tenho bons sonhos com o ar condicionado ligado.

eu gosto de pintar e desenhar com lápis bem apontados. (mesmo que assim eles se acabem antes)

faz poucos dias que troquei a máquina de lavar roupa. (a outra, de uma forma ou de outra vai virar sucata)

eu me esforço para usar folha de rascunho (usada), mas nem sempre eu consigo.

o meu xampu é cheio de poluentes. e eu lavo todos os dias o cabelo.

tem coisas que eu imprimo só porque meu olho cansa de ler na tela do micro.

eu compro pouca roupa, mas compro muitos livros (e nem sempre eu leio os livros que eu compro)... e lavo muito as poucas roupas que tenho porque a minha rinite é cruel.

às vezes eu esqueço a luz acessa.

eu gasto mais água para lavar louça do que a minha mãe, mas a minha mãe não mora mais comigo.

claro que eu me envergonho de tudo isto, mas não tanto assim... senão eu não faria.
claro que eu também gostaria de me indignar - com o corte das árvores -, mas eu não posso.

como disse aquela escritora (não é só a minha conduta que é falha, a minha memória também) "as pessoas sensíveis não são capazes da matar galinhas. as pessoas sensíveis só são capazes de comer galinhas."

Um comentário:

geheimnis disse...

talvez seria o caso de tentar procurar medir o tamanho e o impacto de cada ação. um bosque roubado não é o mesmo que um banho demorado.

mas entendo que o pequeno está contido no grande. é uma via de dois lados. ainda estou do lado dos que choram.