domingo, 2 de novembro de 2008

finados

"...mas as pessoas da sala de jantar
são preocupadas em nascer e morrer ." (Caetano e Gil)

é, não fui ao cemitério.
não que eu não tenha mortos queridos.
(aliás, mais fácil ser querido morto do que vivo...)

juro que tenho um tio que eu nunca lembro se tá vivo ou morto.
(ele tá vivo)
(às vezes, eu preciso perguntar pra minha mãe, que nem estranha mais - tantas são as vezes que eu já perguntei.)
(é, ele também não colabora, sempre falando de doenças e das tantas vezes em que ele quase morreu.)

eu morro todos os dias.
pra acordar na hora.
pra chegar na hora.
pra manter o peso, pra perder peso, pra agüentar o peso de certas coisas.
escutando as mesmas coisas.
querendo acreditar.
engolindo fumaça.
adiando coisas.
contando dinheiro.

estes dias li que uma mulher apaixonada é uma mulher baleada.
eu, acredito que a falta de paixão também é uma forma de estar baleado.

que a vida - como disse clarice - é uma loucura que a MORTE faz.

que - como disse quintana - a gente nasce grávido da morte.
(e eu ando gestando a minha muito bem - obrigada)

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