"Lúcia Já-Vou-Indo", da autora Maria Heloísa Penteado
"Esse livro conta a história de uma lesma que era tão devagar, mas tão devagar, que ela tinha marcado uma festa na casa de uma amiga, mas só que em vez dela chegar no dia da festa, ela chegou um dia depois..." (http://www.divertudo.com.br/dicadoleitor68.htm)
Ontem eu tomei coca-cola com duas pessoas que sabem beber vinho.
Ele confidenciou que este livro ("Lúcia já-vou-indo") é o livro que ele sempre procura, mas nunca encontra.
Ela disse que se acha burra e que não confia na memória.
O livro é simples e triste, mas tem a ternura dos que andam fora do ritmo.
No caso deles, eles sempre chegaram antes, e quem chega antes também encontra a solidão.
(Talvez por isto ela se acha burra e prefere esquecer. Talvez por isto ele seja apenas visita na colônia que nasceu.)
Quem chega antes não encontra nem os restos das festas.
Quem chega antes não é compreendido e nem esperado.
Só em corridas de velocidade que quem chega antes ganha prêmio e medalha.
No atropelo disto que denominamos vida, quem chega antes é caso de psiquiatra.
Mas, quem chega antes, sabe partir (nem que for de si mesmo) e se parir antes.
Quem chega antes, se quebra, mas inaugura.
Quem chega antes, não sabe a altura do tombo e por isto não passa "agosto esperando setembro".
Quem chega antes constrói as frestas de fuga para todos aqueles que chegam depois.
Quem chega antes gera as metáforas que possibilita oxigenar a tragédia nossa de cada dia.
Eu gosto tanto deles, porque eles fazem menor o meu medo de chegar (depois) e as suas histórias me dão vontade de chegar mais perto de tudo aquilo que eu só me permito de longe. Sem contar que sabendo que eles já estão lá, eu também tenho um bom motivo pra chegar.
quinta-feira, 24 de abril de 2008
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