quarta-feira, 30 de abril de 2008

nossos caminhos tortos

ontem eu fui com a minha mãe à perícia médica.
de repente ela me disse: - acho que a sala que eu vou ser atendida é aquela ali (apontando a sala), aquela só pode ser a sala do neurologista porque ali só entram pessoas tortas.
eu acho que eu não disse nada.
mas, eu queria contar pra ela como tentar ser reta me deixou torta.
eu queria contar pra ela da ternura que eu sinto pelos que ousam não seguir reto.
eu queria contar pra ela as coisas tortas que me habitam.
compartilhar com ela a paixão que eu sinto por todas as imperfeições.

às vezes ela me mostrava umas pessoas e uma coisas e insistia para eu colocar os óculos (e acompanhar o que ela via).
de repente eu disse que eu não suportavam ver mais do que eu já enxergava sem os óculos.
não sei o que ela pensou, mas chegamos - as duas - em casa sem óculos.

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