domingo, 27 de abril de 2008

máscara, homem quase pelado e nenhuma fantasia

show masculino

(não é paradoxal que as mulheres que tanto lutaram para não ser objetos de cama e mesa, agora contratem homens anabolizados para se divertir?)

eu fui a uma festa de máscaras com direto a show masculino.
é, eu nunca tinha visto assim tão de perto.
se bem que eu olhei a uns bons metros de distância... e não por falta de opção, mas porque longe é o meu jeito de ir chegando perto das coisas.
antes de sair de casa, ao me olhar no espelho de máscara eu me senti numa atmosfera ney matogrosso.
a máscara me deu um nó: o que é mesmo se libertar? pôr uma máscara ou mostrar a cara?
não sei. não sei. não sei mesmo.
quando os homens começaram a entrar e as mulheres a "aproveitá-los", eu achei escatológico.
depois eu fui olhando e querendo entender.
acho depois dos 30 a gente sabe jeitos mais sensuais de tirar a roupa - da gente e dos homens.
uma história confessada, uma piada interna, um jeito de rir com o cérebro, o sentir-se escolhida numa multidão e por aí a coisa vai e nunca mais volta.
não tive vontade de colocar a mão na bunda de homem que não se deixa beijar na boca.
um homem contratado que está ali ao alcance de todas.
homem é aquele que quebra os contratos, que tem um corpo acompanhado de um cérebro, que te faz única no meio de uma multidão e te faz acompanhada na pior solidão. aquele que sabe te alcançar e não se coloca ao alcance de todas.
e o tesão da caça? show masculino é pescar num aquário...
e a máscara? sexo não é o lugar onde as máscaras caem para que as fantasias aconteçam?
não sei se as mulheres fazem por tesão, diversão, status, para entrar na roda, para ter uma foto para colocar no orkut ou para colar o pentelho do cara na agenda ou mostrar às amigas.
umas olhavam para as outras e diziam: te libera.
liberdade não seria submeter o homem ao nosso show, ao invés de nos subtermos ao show deles?
entrar num show masculino não me libera.
me libera me submeter a mim mesma.

eu nunca soube se eu chego antes ou depois nos lugares que eu habito.
mas, sempre e sempre eu me sinto tão colona, tão fora, tão estranha.
mas, assumir as minhas máscaras e tirá-las é meu jeito de ser fiel a mim mesma.
me submeter ao que acredito talvez seja a minha última crença e o meu único esforço para fugir – da morte e da vida.

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